Fonte: Empreendedor Legal

No dia em que entra em vigor a nova norma europeia, especialistas mostram a importância do uso de dados e da Transformação Digital para os negócios brasileiros

Blockchain, Internet das Coisas, e-Commerce, Inteligência Artificial, Computação em Nuvem. Se você é empreendedor, certamente já ouviu falar desses e de outros termos que ganharam força nos últimos anos. A razão é uma só: o mundo está cada vez mais interligado por meio do compartilhamento de dados.

Segundo pesquisas, até 2020, cerca de 50 bilhões de dispositivos estarão conectados à internet em todo o mundo, cenário que pode (e deve!) ser usado em favor de negócios mais competitivos e seguros.

GDPR: Brasil X segurança digital

Andriei Gutierrez, coordenador do Movimento Brasil, País Digital, explica que o país vive um processo de rápida transformação econômica e social, impulsionado sobretudo pela tecnologia.

E como todo empreendimento depende de investimento e planejamento, as empresas precisam ter a confiança nas regras do jogo. “Nesse novo cenário não é diferente. Um investimento em um novo produto, serviço ou infraestrutura dependerá da existência de um ambiente que estimule a confiança dos empreendedores e investidores”, diz.

Segundo Gutierrez, o Marco Civil da Internet foi um divisor de águas na regulação brasileira rumo à sociedade digital, porém insuficiente no que tange à regulamentação do tratamento de dados pessoais.

“É preciso que se busque uma definição para permitir o avanço da inovação baseada em dados anônimos ou ‘anonimizados’, e que a legislação brasileira preveja garantias para o livre fluxo de informações entre fronteiras”, explica.

A opinião dele vai ao encontro de outra entidade brasileira ligada ao uso de dados, a ABES -Associação Brasileira de Software: “Segundo a GDPR (General Data Protection Regulation) norma europeia que entrou em vigor nesta sexta-feira, 25/5, não somos um país seguro para os dados”, explica Francisco Camargo, presidente da associação.

Isso porque, a GDPR parte da filosofia que o indivíduo é o único dono dos seus dados pessoais e qualquer acesso a eles, por qualquer razão, precisa do acordo explícito do proprietário.

“Bem diferente do Brasil, onde o mais importante dado de um cidadão, o CPF, é público! Qualquer consulta em buscadores na Internet mostra o documento. O CPF, o mais importante número que define um cidadão brasileiro, deveria ser armazenado criptografado e só exposto mascarado nas consultas, para que só o próprio indivíduo, ou alguém autorizado por ele, reconhecesse”, alerta Camargo.

Mais do que uma era de mudanças, uma mudança de era

Ele acrescenta que com o mundo todo sendo digitizado (neologismo para tentar explicar o que está acontecendo) entramos na era da Transformação Digital, que tem nos dados a nova matéria prima, inesgotável.

“A produção de dados, sua transferência, armazenagem, exploração, passaram a ser atividades críticas e precisam se submeter a padrões de segurança cada vez mais rígidos, pois o prejuízo para os usuários, se houver vazamento, pode ser imenso”, diz o presidente.

Mesmo com o cenário cibernético brasileiro ainda carente de melhorias, Francisco Camargo acrescenta que o uso de dados é vital para a competitividade, em todos os segmentos. “O mercado exige soluções inovadoras e que precisam ser aperfeiçoadas ou inventadas e é uma oportunidade de geração de riqueza”.

Como exemplo, citou a emergência e decolagem exponencial da Inteligência Artificial e da Internet das Coisas, que combinadas em ferramentas analíticas, permitem insights em comportamentos, tendências, estatísticas e informações que podem ajudar a vida de bilhões de pessoas.

Mundo melhor e mercado mais competitivo

Os serviços em Nuvem e a análise de dados podem melhorar a eficiência e a capacidade de concorrência dos pequenos aos grandes negócios e ajudam a tornar o mundo um lugar mais seguro, sustentável e saudável.

“Isso permite que a humanidade avance rumo à resolução de alguns dos seus principais problemas, como o combate ao câncer, melhoria da mobilidade urbana, combate à poluição, a redução dos desperdícios e otimização de recursos escassos”, lembra Andriei Gutierrez.

Dados possibilitam que os negócios sejam competitivos porque, com informação, é possível tomar decisões mais inteligentes, focadas nas reais necessidades dos usuários e operar com eficiência, levando a lucros mais altos e clientes mais felizes.

Tais transformações, segundo ele, afetam modelos tradicionais de negócios que precisam encarar a transformação digital como fundamental. “A competitividade de países em todo o mundo tem sido repensada à luz dessa nova economia movida a dados. No Brasil, já temos um significativo mercado exportador de serviços de tecnologia da informação e de comunicação que pode e deve ser estimulado e potencializado para trazer mais divisas, o que gera ainda mais empregos por aqui”, finaliza o especialista.

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