Por Gustavo Marui*
A quinta geração de telefonia móvel, o 5G, finalmente está em curso aqui no Brasil. É, de fato, o gatilho para mudanças esperadas, e inesperadas, necessárias em variados setores, por meio de aplicações que serão habilitadas na esteira da alta velocidade de conexão que proporciona. A área de saúde já se movimenta para explorar todo o potencial da tecnologia.
A expectativa é grande porque o 5G traz muitos avanços, quando comparado ao 4G. Podemos citar 3 principais vantagens, são elas:
- Capacidade em comunicar com maior quantidade de dispositivos simultaneamente. Enquanto o 4G comporta cerca de 10 mil dispositivos por quilômetro, a rede 5G oferece suporte para mais de 1 milhão de dispositivos por quilômetro;
- Tempo de resposta entre 1 e 10 milissegundos com o 5G, por conta de sua baixa latência. No caso do 4G, o intervalo é de 50 milissegundos;
- Velocidade máxima de download pode chegar em 10.000 Mbps na rede 5G, sendo 10 vezes mais rápida que no 4G.
Mas, afinal, o que esses avanços vão proporcionar à saúde? Uma infinidade de inovações.
Revolução na medicina
Isso porque, o setor de saúde se tornou um dos segmentos em que inovações de última geração são aplicadas em soluções de diagnóstico remoto, automação de processos, aparelhos com altíssima resolução de imagem e precisão diagnóstica, que reduzem drasticamente a possibilidade de erros e assim obtém mais eficiência, ampliando a qualidade no tratamento médico.
Mas com o 5G, o setor vai vivenciar uma verdadeira revolução com soluções de alta tecnologia para medicina, proporcionando mais agilidade, precisão e capilaridade ao setor. Já se fala em centros cirúrgicos funcionando com sensores e equipamentos interligados, que possibilitam compartilhar informações e análises clínicas em tempo real de forma segura.
O conceito de Internet das Coisas Médicas (IoMT – Internet of Medical Things) será impulsionado com aplicação de tecnologias disruptivas. Quando se aliar à inteligência artificial e machine learning, vai tornar a medicina preventiva ainda mais precisa e personalizada. Quem ganha com isso? O paciente e as empresas do ecossistema de saúde com redução de custos, apoiada na inteligência de dados.
Os serviços de telemedicina serão popularizados e procedimentos clínicos e laboratoriais ganharão mais eficiência. Medicina de alta precisão, realidade virtual e avanços em cirurgia robótica, prontuários eletrônicos avançados, históricos digitalizados, autocuidado apoiado integralmente, exames acessíveis vão transformar o setor.
Teremos a melhor experiência do paciente em sua jornada de atendimento. Acompanhamento desde a sua chegada ao hospital, consulta e exames. Em situação de emergência, ambulâncias estarão conectadas às unidades de pronto atendimento, possibilitando o preparo imediato da equipe para atender o paciente antes mesmo da sua chegada.
A democratização do mapeamento genético será um outro grande passo. Testes genéticos de baixo custo poderão garantir uma vida muito mais longa e saudável para toda a população. Vamos evoluir para um olhar, de fato, centrado no paciente.
Como acelerar a jornada para o 5G?
Existem aceleradores para o 5G, sem perder o foco no negócio, ou seja, soluções de redes 5G privadas como serviço. Dessa forma, as empresas podem adotar arquiteturas 5G robustas, sem a necessidade de altos investimentos iniciais e com todo suporte para a gestão da infraestrutura.
Trabalho ativamente nesses projetos e tem sido muito gratificante, desde a consultoria, para entender as necessidades dos clientes e propor um caso de uso, até a implementação da arquitetura 5G e entrega de dispositivos que compõem a solução. Os resultados vão além da tecnologia e envolvem a humanização do atendimento, a rapidez e a precisão de diagnóstico, em um universo em que ganhar tempo é salvar vidas.
A democratização da saúde
Uma grande expectativa com o 5G é a democratização do acesso à saúde. Mas para isso é preciso unir esforços e habilidades. A boa notícia é que esse futuro já começa a se desenhar hoje, por meio da formação de ecossistemas diversificados, com parcerias entre instituições de saúde, tecnologia, operadoras de telecomunicações, formando fortes alianças para habilitar inovações.
É muito provável que com a democratização do acesso à rede pública de exames, teleconsulta e uma série de procedimentos de maneira facilitada, teremos redução de custos e melhor acompanhamento tanto para quem oferece o atendimento como para quem o recebe. É a Saúde Digital sendo desenhada em uma jornada que irá transformar a medicina na próxima década.
*Gustavo Marui, especialista em Tecnologia para Saúde da Logicalis