Nota à imprensa
A ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software, que tem como propósito a construção de um Brasil mais digital e menos desigual, manifesta sua preocupação com a recente imposição de tarifas adicionais pelos Estados Unidos sobre centenas de produtos brasileiros. Embora o setor de software e serviços de tecnologia da informação não esteja diretamente contemplado na lista tarifária, os efeitos colaterais sobre a cadeia produtiva, os investimentos em inovação e a economia como um todo são significativos e preocupantes.
Nosso setor possui uma penetração horizontal na economia — atendemos desde pequenos negócios até grandes indústrias e bancos — e é, portanto, diretamente impactado pelas dificuldades que outros setores enfrentam. Indústrias altamente dependentes de exportações, como as de carnes, café, soja e manufatura em geral, tendem a sofrer severamente com as sobretaxas, o que levará à redução de receitas e investimentos. Isso pode comprometer a capacidade de inovação dessas organizações, inclusive em tecnologias emergentes como inteligência artificial e automação, que hoje representam uma janela de oportunidade única para o Brasil aumentar sua competitividade global.
A ABES tem atuado em diálogo constante com o governo brasileiro, sobretudo com o ponto focal brasileiro na negociação, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), reforçando a necessidade de evitar escaladas comerciais e retaliações que possam agravar ainda mais o cenário. Entendemos que a via diplomática é o único caminho possível para mitigar danos e construir soluções que protejam a economia nacional, evitando um ambiente de perde-perde para ambos os países.
Reforçamos que, mesmo que o impacto direto das tarifas sobre o setor de software seja limitado, o efeito indireto sobre nossos clientes e sobre o ambiente de negócios é relevante e preocupante. O Brasil não pode perder o momento histórico de transformação digital impulsionado por novas tecnologias. Para isso, é fundamental preservar a estabilidade, estimular o investimento em inovação e garantir que as empresas — especialmente as micro e pequenas, que representam a maioria dos nossos associados — possam continuar crescendo com competitividade e sustentabilidade.
Seguiremos atentos e atuantes na interlocução com os setores público e privado, em defesa de um ambiente de negócios mais estável, moderno e justo para o setor de tecnologia da informação e para toda a economia brasileira.