Por Paulo Spaccaquerche*

Paulo Spaccaquerche aponta subdesenvolvimento do Brasil em relação à adoção de princípios éticos comparado a outros países

Para tratar a ética em Internet das Coisas (IoT) de forma efetiva, é importante considerar as implicações de como a tecnologia é utilizada e como ela afeta a vida das pessoas, além de questões como privacidade, segurança de dados, propriedade de dados e o impacto da tecnologia na sociedade. Isso é o que afirma Paulo Spaccaquerche, ressaltando que o Brasil tem potencial para se tornar um dos líderes dessa tecnologia, porém, em comparação com outros países, não está desenvolvido o suficiente em relação à adoção de princípios éticos.

“Os Estados Unidos, a União Europeia, o Japão e a China têm regras para regular a IoT, e alguns países estão trabalhando para desenvolver suas próprias diretrizes. Além disso, o Reino Unido e a França já têm leis e regulamentos em vigor em relação à privacidade e proteção de dados relacionados à IoT”, exemplifica.

Spacca pontua essas questões com base nas vulnerabilidades decorrentes a essa tecnologia, como, por exemplo, os dispositivos IoT que coletam e armazenam dados que podem ser usados para rastrear as atividades dos usuários, facilitando para os hackers, que podem obter acesso a dados confidenciais e interromper operações e a autonomia dos aparelhos em tomar decisões sem intervenção humana. Além disso, também inclui a falta de transparência por meio das empresas que implantam dispositivos IoT e não fornecem as devidas informações dos dados coletados.

Cerca de 57% das empresas no Brasil já possuem pelo menos uma iniciativa de Internet das Coisas, de acordo com o estudo IoT Snapshot 2022, realizado pela Logicalis. Além disso, o país tem uma grande quantidade de empresas de tecnologia que estão desenvolvendo soluções de IoT, como também, já possui algumas iniciativas, como o Grupo de Trabalho de Ética e Segurança de IoT do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). No entanto, é notório para Paulo que o cenário ético ainda está em progresso, com necessidade de algumas melhorias para estabelecer uma estrutura ética adequada.

Adicionalmente, Paulo comenta que a proteção de dados em IoT tem sido uma preocupação crescente. De acordo com o especialista, isso afeta os governos, empresas e principalmente os usuários, tornando-se necessária a adoção de novas medidas na segurança dos dispositivos IoT, dentre elas: criptografia, autenticação forte, atualizações de software, criação de políticas de segurança e monitoramento contínuo.

Por fim, Spacca destaca alguns pontos de atenção para garantir a melhor experiência do usuário ao desenvolver dispositivos e tecnologias em IoT, como, por exemplo, desenvolver um aplicativo intuitivo e prático e usar a inteligência artificial para melhorar a experiência do consumidor, pois pode fornecer recursos de reconhecimento de voz e recomendações de conteúdo. Além disso, ressaltou também o fornecimento de APIs abertas e de recursos de segurança robustos para proteger os dados do usuário.

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*Presidente da Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC)

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