Por Pedro Vicente Iacovino*

A iluminação pública vai além de tornar as cidades mais agradáveis, confortáveis e seguras. Transcendendo a valorização do patrimônio urbano, histórico e cultural, as concessões de iluminação pública permitem aos municípios a implantação de modernas plataformas para o desenvolvimento de soluções de gestão inteligente das cidades, abrindo caminhos para a redução da poluição ambiental, gerenciamento do tráfego de veículos e de pessoas, monitoramento de áreas de risco, de sistemas de drenagem, da segurança pública, e outras tecnologias que incluem soluções para os mais diversos desafios existentes nas metrópoles.

Conectada a um sistema de telegestão, a iluminação inteligente funciona como uma plataforma de captura e transmissão de dados para uma série de tecnologias de gestão, de captação de imagens e sensoriamento de dados relativos aos pontos de luz, ao movimento de tráfego e de pessoas, à segurança pública, estacionamento, qualidade do ar, clima, poluição sonora, pluviometria, condições da via, eventuais sinistros (acidentes), com possibilidade de integração imediata com órgãos da defesa civil, polícia, bombeiros, hospitais, controle do tráfego etc.

Ao permitir, por exemplo, o monitoramento e controle em tempo real do parque luminotécnico, o sistema garante, principalmente, um ganho adicional de 20% a 30% no consumo de energia, já que é possível em alguns horários do dia, por exemplo, reduzir a iluminação nas principais vias da cidade, o que, consequentemente, também impacta na redução das emissões de carbono.

Dessa forma, associado à redução de consumo de energia propiciada pelas luminárias LED, um sistema de iluminação inteligente permitirá redução do consumo de energia na ordem de 80% e, assim, as cidades conseguem facilmente atingir o tripé de benefícios ambientais, sociais e econômicos.

Percebendo a importância do segmento na transição para cidades inteligentes, os investimentos por parte das concessionárias de iluminação pública vêm se ampliando no Brasil. Nos últimos 12 meses, o número de concessões municipais saltou de 19 para 43 contratos, incluindo nove capitais. E em 2021 esse portfólio deve se ampliar substancialmente, impulsionado principalmente pelos projetos liderados pela Caixa Econômica Federal e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Apesar do acelerado crescimento, as concessões de iluminação pública no Brasil ainda são incipientes, representando menos de 10% do parque instalado. No entanto, assim como ocorreu nos setores elétrico e de telecomunicações, cujo atendimento está praticamente universalizado no país, há expectativas de que o setor de iluminação pública atraia grandes investimentos nos próximos anos tendo em vista a necessária expansão dos serviços em regiões ainda não atendidas e uma maior eficiência energética dos atuais parques luminotécnicos.

É fundamental que os gestores públicos municipais percebam e se conscientizem sobre o imenso potencial de redução de custos decorrente da eficiência energética, bem como dos benefícios intrínsecos a uma boa iluminação. O caminho a seguir é o do planejamento de longo prazo através de um adequado plano diretor de iluminação, a realização de inventários do parque IP e a modernização dos equipamentos, a qual deve ser precedida de projetos para todas as vias do município.

O resultado imediato será a valorização do patrimônio histórico e cultural dos municípios e o pleno reconhecimento da população, com forte percepção de maior conforto e segurança. Uma PPP pode ser o melhor caminho.

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*Diretor Presidente da ABCIP – Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Iluminação Pública.

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