Fonte: Movimento Brasil Competitivo – MBC
Estudo do Movimento Brasil Competitivo mostra a efetividade e necessidade do avanço digital para Micro e Pequenas Empresas, que representam 30% do PIB nacional
Processos financeiros em planilhas trabalhosas que demandavam muito tempo, arquivos armazenados em HD externos sem nenhuma segurança, falta de ferramentas para otimizar a contratação de pessoas, foram alguns dos motivos que levaram a Cerâmica Silvana, empresa que atua há 30 anos no setor de construção no mercado capixaba, a participar do programa Jornada Digital, da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
“Foi a transformação digital do nosso negócio que nos ajudou a solucionar problemas básicos e, a partir da digitalização de alguns processos, percebemos os benefícios gerados para a empresa e para a saúde do nosso negócio. Nosso foco agora é digitalizar a nossa produção”, explica Vitor José Duarte Jovita, sócio da Cerâmica Silvana.
Cada vez mais valorizada e necessária, a procura por inovação é uma constante dentro das pequenas e médias empresas e o estudo “Transformação digital, produtividade e crescimento econômico”, desenvolvido pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC), demonstra em detalhes os impactos positivos gerados pela digitalização da economia em diversos setores, especialmente na potencialização do aumento da produtividade e do crescimento econômico, inclusive para esse tipo de empresa.
Para que o país avance na economia digital, é fundamental, no entanto, uma ampla rede de suporte para as Micro e Pequenas Empresas (MPEs), incentivando a adoção de tecnologias em seus negócios. Para se ter uma ideia da importância desse modelo de negócio, as MPEs representam 30% do Produto Interno Bruto (PIB) e mais de 50% dos postos de trabalho do país.
Um dado relevante apresentado no estudo feito em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), mostra uma realidade distante da ideal para o ambiente de negócios e para o setor produtivo: 66% das Micro e Pequenas Empresas ainda se encontram em estágio inicial em relação ao nível de maturidade digital, independentemente de seu setor econômico, de acordo com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
O potencial da digitalização no Brasil
Embora a maturidade digital de muitas empresas não esteja totalmente desenvolvida, as estimativas de investimentos em tecnologia no Brasil para os próximos anos são otimistas. De acordo com a Brasscom43, são previstos no país, para o período entre 2022 e 2025, valores na ordem de R$ 510,5 bilhões em tecnologias de transformação digital.
O valor expressivo tem grande representatividade para a economia brasileira e o estudo “Transformação digital, produtividade e crescimento econômico”, ressalta que, nos últimos 5 anos, a oferta digital brasileira cresceu em média 5,7%, enquanto esse mesmo mercado nos Estados Unidos aumentou 7,1%. A partir da ampliação da oferta digital nos patamares da economia americana, a maior digitalização dos setores seria capaz de gerar um aumento de R$ 422,7 bilhões na economia brasileira. Caso chegássemos ao patamar atual de representatividade da economia americana, calculado em 10,2% em 2020, o Brasil teria um incremento de R$ 1,12 trilhão na economia.
“A transformação digital é um dos pilares do MBC. Nós acreditamos profundamente na digitalização da economia como um grande diferencial competitivo. Ao longo dos últimos sete anos, temos trabalhado de forma intensa junto a governos e ao setor produtivo para que o país possa avançar nessa agenda”, destaca a diretora executiva do MBC, Tatiana Ribeiro.
Como pequenos e médios empreendedores podem avançar na digitalização?
O estudo propõe algumas ações para que as MPEs avancem no campo da transformação digital. A criação de um marketplace com oferta de serviços e tecnologias digitais voltadas para MPEs é uma das iniciativas que pode auxiliar o avanço dos negócios. E essa construção pode ser feita em parceria com startups, Sociedade Científica, Universidades, Sistema S (composto por Sesi, Senai, Sesc, Senac, Sebrae, Sescoop, Sest, Senat e Senar) e até mesmo com o setor produtivo, utilizando soluções customizadas, de baixo custo, setorizadas e por nível de maturidade digital.
Outra sugestão é adotar tecnologia digital pelas Micro e Pequenas Empresas por meio de incentivos à transferência de conhecimento entre MPEs e institutos de tecnologia, criando condições para inovação em processos, produtos e serviços.
O Programa Brasil Mais – coordenado pelo Ministério da Economia em parceria com a ABDI, SENAI, Sebrae e BNDES – é outra iniciativa que tem como objetivo “aumentar a produtividade e a competitividade das Micro, Pequenas e Médias empresas mediante a adoção de melhorias de gestão e soluções digitais de rápida implementação, baixo custo e alto impacto, além de fomentar o desenvolvimento de novas tecnologias voltadas a esse público. Desde o início do programa, mais de 90 mil empresas foram atendidas, tendo como resultados ganhos de produtividade entre 24% e 42%.
“Participar da mentoria da ABDI foi muito positivo para o nosso negócio, conseguimos otimizar o trabalho, hoje com dois cliques conseguimos acessar todas as informações necessárias. As nossas redes sociais estão alinhadas com os clientes e, como a evolução é constante, seguiremos incluindo a digitalização em nosso negócio”, comenta o executivo da Cerâmica Silvana, uma das empresas beneficiadas pelo programa da ABDI, Jornada Digital.
Outro exemplo de sucesso com a transformação digital está em Vitória da Conquista, na Bahia: o projeto Hub Sudoeste Inova, que faz parte do Digital BR da ABDI, atende 100 empresas da região, que são voltadas principalmente para o comércio e serviços. A fase inicial de implantação foi finalizada e já foi possível identificar pontos de maturidade digitais nas companhias participantes.
“Muitas empresas da região não tinham presença digital e passaram a ter por causa do Hub Sudeste. Uma delas tinha 5% de faturamento em meio digitais, e aumentou para 22% do faturamento total a partir do avanço na digitalização do negócio”, informa Thales Linke, Gerente de projetos da consultoria IEBT Innovation.
Mais do que levar ferramentas, a transformação digital ocorre com a absorção dessa nova cultura que busca excelência no atendimento independentemente de onde esteja o cliente. E um resultado positivo só é alcançado com o apoio dos diferentes atores da sociedade, apoio do governo, investimentos dos empresários e disponibilidade dos clientes para as novidades que o mundo digital propõe.
“O avanço da competitividade brasileira está diretamente ligado a transformação digital, o MBC tem isso muito claro, por isso continuará atuando para ampliar as iniciativas, para que mais empresas possam ingressar de forma segura e completa no mundo digital”, finaliza Tatiana Ribeiro.