Selo IASegurança e Cidadania

Fonte: it forum
Por Flávia Brito*

Ataques com IA e o modelo RaaS tornam a cibersegurança um pilar estratégico de confiança, reputação e vantagem competitiva

Imagem: Shutterstock

 

Com ataques impulsionados por inteligência artificial e o avanço do modelo de Ransomware como serviço, a proteção digital deixou de ser um tema técnico e passou a ser uma questão estratégica, capaz de impactar a confiança dos clientes, atrair investidores e preservar a reputação das empresas

A inteligência artificial e o Ransomware como Serviço (RaaS) estão transformando profundamente o cenário da cibersegurança no Brasil. O que antes parecia uma ameaça distante tornou-se uma urgência diária para empresas de todos os tamanhos e setores. Os ataques estão mais sofisticados, os criminosos digitais mais organizados e as consequências de uma invasão ultrapassam a perda de dados, afetam o valor de mercado, a credibilidade e a confiança de clientes e investidores.

Cibersegurança deixou de ser um custo operacional para se tornar um diferencial estratégico. Hoje, o retorno sobre o investimento não se mede apenas pelo que se gasta com proteção, mas pelo tempo que a empresa consegue operar sem sofrer ataques ou vazamentos. Investir em segurança é investir em continuidade, previsibilidade e resiliência. Companhias que tratam o tema com seriedade reduzem riscos, fortalecem sua reputação e se posicionam de forma mais sólida diante do mercado.

Empresas preparadas enfrentam menos interrupções, respondem com agilidade a incidentes e têm custos menores com seguros. Também conquistam a confiança de clientes e parceiros, um ativo cada vez mais valioso em tempos de hiperconectividade e de exigências crescentes por transparência. Investidores olham com atenção para companhias que adotam práticas robustas de governança, proteção de dados e responsabilidade digital, pilares essenciais dentro das métricas ESG.

Enquanto isso, o avanço da inteligência artificial amplia o desafio. Se por um lado a tecnologia contribui para a detecção de ameaças e automação de defesas, por outro também é usada por cibercriminosos para criar ataques personalizados, mensagens fraudulentas quase perfeitas e malwares autoadaptáveis. O modelo de Ransomware como Serviço, por sua vez, transformou o crime digital em um negócio acessível e altamente lucrativo. Nesse cenário, esperar ser atacado não é uma opção. Prevenir é uma necessidade.

A urgência brasileira é agravada pelas exigências da LGPD e pelas discussões sobre regulação da inteligência artificial. Setores como o financeiro e o de saúde ilustram o que está em jogo: na economia digital, o ativo mais sensível não é o dinheiro, mas a informação e, muitas vezes, a vida das pessoas.

A segurança, no entanto, não depende apenas de tecnologia. Depende de cultura. Criar consciência entre colaboradores, adotar autenticação em múltiplos fatores, práticas de “Zero Trust” (“nunca confiar, sempre verificar”) e rotinas de backup são medidas essenciais para fortalecer o ecossistema de proteção. Mais do que reagir a ataques, é preciso antecipá-los com inteligência, planejamento e governança.

Cada nova camada de automação traz consigo novos riscos, e o futuro da cibersegurança dependerá da capacidade das empresas de equilibrar eficiência com responsabilidade. Aquelas que compreenderem essa conexão antes das demais transformarão proteção em vantagem competitiva.

Em um mundo onde um ataque pode paralisar fábricas, hospitais ou instituições financeiras em questão de horas, estar preparado é mais do que uma exigência técnica. É uma estratégia de crescimento. Cibersegurança não é sobre medo: é sobre confiança. E confiança, no cenário atual, é o ativo mais valioso que uma empresa pode ter.

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*Vice-presidente da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES) para a região Nordeste.

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