Por Valdir Pandolfi*

A convergência entre a Internet das Coisas (IoT) e a Inteligência Artificial (IA) está definindo o futuro da tecnologia, com previsões do IoT Analytics indicando um aumento para 29 bilhões de dispositivos conectados até 2027, frente aos 11 bilhões atuais. Este crescimento simboliza uma revolução na interação entre os mundos digital e físico, evidenciando a IoT como um motor de transformação. A integração com a Ciência de Dados e IA permite análises preditivas avançadas, otimização de desempenho e detecção de padrões em tempo real, transformando profundamente como vivemos e interagimos com o ambiente ao nosso redor. Este panorama aponta para uma era de inovações sem precedentes, onde a eficiência operacional e a tomada de decisões são significativamente aprimoradas pela análise de dados em grande escala.

A IoT, com sua rede de dispositivos conectados, embora seja uma inovação mais recente, oferece um volume sem precedentes de dados. A IA, por outro lado, traz ferramentas como Machine Learning e Deep Learning para analisar esses dados, transformando-os em insights para decisões estratégicas. Enquanto a IoT foca na conectividade e interação de dispositivos, a IA se dedica à análise e interpretação de dados, abrangendo desde questões filosóficas até análises estatísticas. Juntas, facilitam a implementação de soluções tecnológicas, otimizando processos e decisões através da análise preditiva e automação, essenciais para avanços em monitoramento e serviços automatizados, impactando positivamente o mercado e o consumidor final.

Essa integração, conhecida como AIoT, eleva o potencial de automatização e eficiência, permitindo sistemas mais inteligentes e adaptativos que podem prever falhas, otimizar operações e melhorar a experiência do usuário. Além de promover transformações significativas em vários setores, incluindo saúde, indústria, mobilidade e desenvolvimento urbano. Como também, possibilita avanços como cirurgias remotas, fábricas inteligentes, sistemas de transporte eficientes e cidades conectadas e sustentáveis. Contudo, sua efetivação demanda superação de desafios em infraestrutura, regulamentação e educação para garantir uma implementação ética, segura e inclusiva.

No Brasil, diversas iniciativas destacam a aplicação da AIoT em setores variados, evidenciando o potencial desta tecnologia para impulsionar a inovação e o desenvolvimento sustentável. Uma das iniciativas é o “AIoT Lab Brasil”, uma colaboração entre a PUC-Campinas e a JumpCorp, com foco em capacitar profissionais nas áreas de Internet das Coisas e Inteligência Artificial. O novo laboratório conta com o apoio da Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC) e de grandes empresas do setor, dentre elas: American Tower, Constanta, Everynet, Khomp, Nokia, Qualcomm, Semtech, TIP Telecom, e a AWS Academy.

Outro exemplo de aplicação da AIoT no país é encontrado nas iniciativas de cidades inteligentes, que buscam melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e promover o desenvolvimento sustentável urbano. Estas iniciativas abrangem a adoção de tecnologias inovadoras para suportar a comunicação entre pessoas, serviços e organizações, tanto públicas quanto privadas, em diferentes setores da cidade. O foco é criar um ambiente sinérgico de apoio que promova inovações, o engajamento dos cidadãos e o desenvolvimento de conhecimento. As cidades inteligentes no Brasil visam integrar soluções tecnológicas para abordar desafios urbanos, incentivando cidadãos informados, educados e participativos, em um esforço para impulsionar o bem-estar da população e a sustentabilidade.

Embora o potencial de inovação dessa convergência tecnológica seja grande no Brasil, há desafios significativos relacionados à adoção e integração dessa tecnologia, que precisam ser superados para maximizar seus benefícios em setores como saúde, indústria, mobilidade e desenvolvimento urbano.

Um dos principais desafios é a infraestrutura de conectividade, especialmente para suportar o 5G, que é fundamental para a eficácia da AIoT. A necessidade de uma rede robusta e de ampla cobertura é crítica para permitir a rápida transmissão de dados entre dispositivos IoT e para processamento por sistemas de IA. Isso inclui a instalação de antenas e equipamentos compatíveis com a nova tecnologia, exigindo investimentos consideráveis e planejamento estratégico.

A regulamentação também apresenta ser um desafio. Para que a IA e a IoT sejam utilizadas de forma ética e segura, é essencial estabelecer normas e leis claras que regulam o uso, a proteção e a governança dos dados e das tecnologias envolvidas. Isso inclui preocupações com a privacidade dos dados e com o uso responsável da IA, evitando outros rumos e garantindo transparência nas decisões automatizadas.

Além disso, a educação e capacitação são fundamentais para acompanhar o ritmo da evolução tecnológica. É necessário desenvolver e atualizar constantemente as habilidades dos profissionais para que possam compreender, utilizar e criar soluções baseadas em AIoT. Isso envolve tanto a formação técnica em IA e IoT quanto a sensibilização sobre as implicações éticas e sociais dessas tecnologias.

Para superar esses desafios, é preciso uma abordagem colaborativa envolvendo governo, indústria e instituições acadêmicas, trabalhando juntos para desenvolver a infraestrutura necessária, criar um ambiente regulatório adequado e fomentar um ecossistema educacional que prepare a força de trabalho para o futuro da AIoT.

O mercado global de AIoT está projetado para crescer significativamente, impulsionado pela demanda por automação e inteligência em processos e serviços. Este crescimento apresenta oportunidades para inovações disruptivas, mas também desafios relacionados à interoperabilidade, escalabilidade e gestão de grandes volumes de dados.

Um aspecto crucial abordado é a importância da segurança e privacidade. À medida que a AIoT se expande, cresce também a necessidade de proteger os dados contra acessos não autorizados e garantir a privacidade dos usuários. Isso requer o desenvolvimento de soluções robustas de segurança cibernética e políticas claras de governança de dados.

Por fim, a AIoT representa uma fronteira tecnológica com vasto potencial de transformação. Seu desenvolvimento e adoção responsáveis são fundamentais para maximizar seus benefícios e mitigar riscos, garantindo um futuro em que a tecnologia atua como uma força positiva para a sociedade.

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*Responsável pelo Comite de Dados e IA da Associação Brasileira da Internet das Coisas (ABINC), com mais de 35 anos de experiência profissional trabalhando em diversas empresas líderes em seus respectivos segmentos como Banco Safra, Centro Paula Souza, IFS, Vantive, Atos Origin e Ultimus. Atuação nos segmentos de ERP, CRM, BPM e atualmente com Ciência de Dados e IA na ScientifiCloud. Formado em Administração de Empresas, com especialização em Ciência da Computação pelo ILAT IBM e especialização em Qualidade Total pelo IMECC Unicamp. Sempre atuando na evangelização do mercado, como nas práticas de CRM (Vantive e Atos Origin), BPM (Ultimus e Totvs) e Ciência de Dados (Totvs, Google e AWS). Atuação como professor da FATEC-SP no curso de Processamento de Dados e na ESPM no MBA em Marketing de Serviços. Atualmente sócio na ScientifiCloud com atuação em Ciência de Dados, IA, Chatbot e IoT.

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