Por Natália Bugança*

Os estudantes mudaram! Isto é uma evidência inquestionável nos dias de hoje, e representa um dos maiores desafios para a alfabetização no Brasil. O espaço escolar, na grande maioria, ainda perpetua o mesmo modelo de organização e ensino das décadas anteriores, mas as relações sociais, os comportamentos, e a dinâmica de interação entre os indivíduos possuem características e traços que exigem do professor um novo olhar, no qual ele entenda que a tecnologia pode ser usada como uma grande aliada na mediação do conhecimento.

A tarefa de alfabetizar é um trabalho árduo e desafiador porque é essencial que cada professor conheça as especificidades individuais dos seus alunos. Cada pessoa é um ser único, que interpreta o conhecimento de modo singular e num ritmo diferente. Para entender isto é necessário ter disponibilidade, afeto, empatia e, comprometimento com a formação humana do aluno. Alfabetizar é mais do que ensinar grafemas e fonemas, é apresentar o mundo, porque como propôs Paulo Freire, a leitura de mundo precede a leitura das palavras.

E como está o nosso mundo hoje? De acordo com uma pesquisa divulgada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), 86% das crianças e adolescentes brasileiros estão conectados à internet, e a maioria já utiliza para fins educativos, o que comprova o quanto as tecnologias estão presentes fortemente em nosso contexto atual, e não cabe à escola distanciar-se desta realidade. A tecnologia é capaz de ampliar as possibilidades pedagógicas do professor, tornando as aulas mais atrativas com ferramentas que garantam dinamismo, acessibilidade, e respeito aos diferentes ritmos e estilos de aprendizagem das pessoas.

Entre os principais recursos tecnológicos usados hoje estão bancos de objeto de aprendizagem; aplicativos de estudo como jogos prontos ou jogos em que o professor modifica o conteúdo; soluções digitais de leitura infanto-juvenil; além de plataformas de ensino adaptativo e até mesmo redes sociais, para viabilizar a comunicação entre os professores, favorecendo a troca de materiais e também de conhecimentos acerca da ação pedagógica. Os professores devem entender que integrar a tecnologia às propostas de trabalho já não é mais apenas uma opção, porque ela já faz parte da vida dos alunos fora da sala de aula. Usá-la em benefício do desenvolvimento educacional é oportunidade excelente.

Todavia, alguns cuidados são fundamentais para que o professor faça uma boa integração entre tecnologia e ensino, como relacionar os recursos aos objetivos de aprendizagem, permitir o protagonismo dos alunos conduzindo-os ação-reflexão-ação, e supervisionar as atividades para evitar o acesso a conteúdo inapropriado ou desconexo com a aula. Por fim, é importante lembrar que a mera inserção de recursos tecnológicos, por si só, não garante que o estudante absorva o conhecimento, mas sim a maneira como o professor articula esses meios com todos os componentes curriculares.

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*Pedagoga, mestre em educação, especializada em educação especial e gestão escolar, e atualmente trabalha como professora na modalidade de ensino a distância na Unopar.

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