Segurança e Cidadania

Fonte: B20

Propostas da força-tarefa de Transformação Digital envolvem segurança de dados e ética no uso da IA. Tecnologia pode aumentar PIB global em até 7% nos próximos dez anos

O avanço da Inteligência Artificial e a segurança dos dados têm mobilizado o mundo. Segundo um levantamento do Goldman Sachs, a Inteligência Artificial (IA) tem o potencial de aumentar o PIB global em 7% em um período de dez anos. Dos 7,9 bilhões de habitantes, um terço da população global, ou cerca de 2,9 bilhões de pessoas, não têm acesso às ferramentas e aos serviços básicos que sustentam a transformação atual – os outros 5 bilhões têm acesso à conexão. Destes, 4 bilhões se conectam por meio de celulares e equipamentos móveis.

Para que possam se conectar de forma segura, promovendo a inclusão e a segurança digitais, a força-tarefa de Transformação Digital do B20 desenvolveu três recomendações que serão entregues ao G20. O B20 (Business 20, da sigla em inglês) é o braço empresarial do G20 no Brasil, coordenado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

A força-tarefa reúne mais de 160 membros do setor privado das economias do G20 e é liderada pelo executivo Fernando De Rizzo, CEO da Tupy. Segundo ele, a transformação digital é uma alavanca para o progresso inclusivo, sustentável e ético, aumentando o bem-estar das populações. “Nosso documento propõe alcançar conectividade significativa para todos os indivíduos e empresas, ao mesmo tempo em que promovemos a confiança digital e a segurança cibernética, estabelecendo os alicerces para uma abordagem responsável e pró-inovação para novas tecnologias, como a IA”, afirma Rizzo.

As sugestões foram entregues à liderança do G20, que neste ano é presidida pelo governo brasileiro, em um documento mais amplo – o Communiqué – que reúne com 24 recomendações e ações de políticas públicas de diferentes temas. Pela primeira vez, as diretrizes elaboradas pelas oito forças-tarefas do grupo de engajamento do setor privado foram entregues antecipadamente à liderança do G20. A ideia é sensibilizar líderes mundiais antes da cúpula do G20, que será em novembro, no Rio de Janeiro.

O principal objetivo da força-tarefa de Transformação Digital é promover o avanço da infraestrutura digital e garantir a segurança de dados, além de aumentar o acesso a recursos digitais e tornar a revolução digital benéfica para todos. Embora a adoção da tecnologia e a crescente dependência de redes interconectadas tenham proporcionado oportunidades para crescimento e inovação, elas também aumentaram o risco de incidentes cibernéticos que podem causar danos financeiros, operacionais e reputacionais a organizações e às pessoas.

Do ponto de vista empresarial, a cibersegurança representa a proteção dos recursos digitais contra incidentes cibernéticos, para garantir a continuidade das operações das organizações, a proteção dos dados de seus clientes e a preservação de sua reputação.

Usuários ficam conectados mais de seis horas por dia

O tempo médio que os usuários ficam conectados diariamente é de mais de seis horas e o número de dados criados todos os dias já ultrapassam os três quintilhões de bytes, enquanto as vendas globais de e-commerce somam mais de US$ 5 trilhões.

Para a liderança do B20, este é um período de intenso desenvolvimento tecnológico, com novos avanços surgindo a cada dia. Isso porque a tecnologia digital mudou a maneira como as pessoas vivem, trabalham e interagem umas com as outras, e essa tendência deve aumentar nos próximos anos. Apesar do ritmo rápido da disrupção tecnológica, uma grande parte da população ainda não foi efetivamente integrada.

Inovação e inteligência artificial também se destacam como soluções promissoras em diversos setores. O surgimento da IA trouxe novas e complexas preocupações relacionadas à responsabilidade, ética, segurança, proteção e sustentabilidade, apresentando um desafio significativo que exige ação colaborativa por parte de nações e organizações. Só em 2023, mais de US$ 10 bilhões foram investidos em financiamento para soluções de IA generativa.

Segundo a força-tarefa de Transformação Digital, à medida que o setor público lidera os esforços nacionais e internacionais para resolver desafios globais, pode — e deve — aproveitar também a experiência e a escala do setor privado.

Confira as três recomendações da força-tarefa de Transformação Digital do B20 Brasil:

>> Recomendação 1: atingir conectividade universal de indivíduos e empresas

Atingir conectividade universal de indivíduos e empresas por meio de regulamentações modernas e parcerias público-privadas que permitam a expansão de infraestrutura de tecnologia da informação e comunicação (TIC ou ICT, Information and Communication Technology, na sigla em inglês) acessível e resiliente e enderecem as disparidades de uso entre regiões.

Motivação: segundo a ONU, pelo menos 67% da população mundial, o equivalente a 5,4 bilhões de pessoas, estão on-line, o que indica um crescimento em comparação com os 35% registrados em 2013. Todavia, 2,6 bilhões de pessoas, ou seja, 33% da população global, ainda estão offline. Nos países menos desenvolvidos, por exemplo, cerca de 73% da população permanece sem acesso à internet, segundo dados da International Telecommunication Union (ITU).

Proposta de ação política 1.1:

Acelerar a expansão e o uso da infraestrutura de tecnologia da informação e comunicação (TIC ou ICT, Information and Communication Technology, na sigla em inglês) por meio de modernização regulatória e parcerias público-privadas (PPPs) que incentivem investimento, colaboração e competição justa, como modelos de licenciamento que favoreçam compromissos com a expansão da infraestrutura, Fundos de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (FUST ou USFs, Universal Service Funds, na sigla em inglês) otimizados e iniciativas de apoio à demanda (ex.: conectividade financiada pelo governo para serviços essenciais).

Proposta de ação política 1.2:

Reduzir a disparidade de habilidades digitais entre níveis e grupos demográficos para promover o desenvolvimento de uma população digitalmente alfabetizada, assim como uma força de trabalho e empreendedores preparados para o mundo digital e capazes de utilizar tecnologias digitais com confiança, apoiar a transformação dos negócios e se adaptar a disrupções tecnológicas.

Proposta de ação política 1.3:

Promover a transformação digital de micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) por meio de acesso a financiamento adequado, ambiente regulatório favorável e apoio especializado.

>> Recomendação 2: proteger indivíduos e organizações e promover confiança digital

Proteger indivíduos e organizações e promover confiança digital acelerando inovação e desenvolvimento por meio da harmonização de padrões de cibersegurança e proteção de dados, coordenação da ação internacional de cibersegurança e apoio ao Fluxo Livre de Dados com Confiança (DFFT, Data Free Flow with Trust).

Motivação: de acordo com o relatório The Cost of a Data Breach da IBM, o tempo necessário para identificar e conter um vazamento de dado é em média de 277 dias, o que ocasiona um custo total médio de um vazamento de dados estimado em USD 4,45 milhões apenas em 2023.

Proposta de ação política 2.1:

Fomentar cooperação multilateral para melhoria da ação cibernética internacional – da prevenção, identificação e contenção de incidentes à investigação e ação legal – alavancando padrões harmonizados de cibersegurança e resiliência cibernética.

Proposta de ação política 2.2:

Avançar no desenvolvimento do Fluxo Livre de Dados com Confiança partindo das definições existentes e adaptando a abordagem aos membros do G20 a fim de possibilitar inovação, crescimento econômico e bem-estar social e aumentar a confiança em escala global.

>> Recomendação 3: explorar de maneira responsável o potencial transformador da inteligência artificial (IA)

Explorar de maneira responsável o potencial transformador da inteligência artificial (IA), apoiando seu desenvolvimento e adoção, bem como colaborando para alcançar uma ambição compartilhada e princípios comuns de ética, sustentabilidade, segurança e inclusão.

Motivação: estimativas do Goldman Sachs mostram que essa tecnologia tem o potencial de aumentar o PIB global em 7% em um período de dez anos, impactando a aceleração de soluções inovadoras para grandes desafios globais como educação, saúde, serviços públicos, serviços financeiros e na indústria manufatureira.

Proposta de ação política 3.1:

Fortalecer a colaboração internacional e escalar frameworks pró-inovação baseados em gestão de risco para o desenvolvimento, implementação e governança responsáveis da IA, com a finalidade de acompanhar a evolução rápida da tecnologia e do cenário regulatório.

Todas as recomendações e ações de políticas públicas do B20 Brasil podem ser lidas no Communiqué, disponível, na íntegra, no site oficial: https://b20brasil.org. As propostas do B20 também serão debatidas durante o B20 Summit Brasil, nos dias 24 e 25 de outubro, em São Paulo.

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