Por Julia Adorno Quartarolo* e Denny Thame**

Atualmente, para a consolidação de uma empresa no mercado é altamente necessário que ela construa fortes laços com seus clientes, funcionários e fornecedores, juntamente com a realização de atos que ajudem a comunidade na qual se inserem e quais impactos sociais trazem. Essa é a principal essência do S, aspecto social contido na sigla ESG (em inglês: environment, social and government; traduzindo: ambiental, social, governamental).

Cada vez mais se leva em consideração a análise de como as empresas se relacionam com seus stakeholders (todas as partes que não as proprietárias da empresa, como clientes, acionistas e comunidade) e as ações e medidas que uma empresa pode tomar para construir sua responsabilidade social atingem a qualidade de vida de diferentes indivíduos, comunidades e a sociedade de forma geral, por meio de ações éticas. Além do obrigatório por lei como o cumprimento dos direitos trabalhistas, uma empresa socialmente responsável busca refletir positivamente na vida dos funcionários assim como, reconhecer as necessidades e dificuldades que cada um possui e que perpassa as condições de trabalho.

Exemplo de medidas assim é promover evolução e melhoria constante da cultura organizacional de modo que faça todo o pessoal valorizar a pluralidade e diversidade da força de trabalho dentro do ambiente organizacional; garantir segurança contra discriminações, assédios e preconceitos; investimento em projetos que contribuam para desenvolvimento local; estímulo do desenvolvimento profissional dos funcionários. Essas ações beneficiam não só a sociedade, mas também as próprias empresas, fazendo com que seus fornecedores, clientes e equipe sejam mais valorizados, aumenta a satisfação, sinergia e produtividade, ao mesmo tempo que diminui falhas, reclamações e gastos.

Com assertiva atenção deve-se olhar para os clientes e entender suas necessidades e compreender com extensão o que o satisfaz sempre se prendendo a uma excelente abordagem e tratamento deles fazendo uso de inovações em produtos e soluções transformando os investimentos nessas áreas em fidelidade de clientela e boa reputação organizacional. E ainda melhor que esse relacionamento seja fundado em confiança, construindo com base nos impactos positivos que as ações corporativas trazem para a comunidade, impactos sociais, ambientais e de governança.

Esse contexto inclui a ajuda e promoção de projetos sociais para as comunidades em que a empresa está inserida, como projetos que auxiliem na educação, na saúde e/ou segurança da comunidade, elementos que, ao serem melhorados nas pessoas da comunidade podem reverter em mão de obra mais qualificada e saudável para a empresa no futuro.

Nessa linha a Associação Brasileira das Empresas de Software lançou uma campanha denominada de “Mobilização Para Redução da Desigualdade” cujo objetivo é aumentar a inclusão social promovendo a capacitação na área digital fazendo uso dos recursos obtidos por meio da reciclagem de equipamentos de T.I. que são descartados pelas empresas aderentes ao projeto. Essas empresas ganham vantagens como, poder se destacar no mercado por estar participando efetivamente da solução de um problema social, incluir mais a ação no portfólio de suas práticas ESG, além de que a organização do projeto já proporciona isenção dos custos de logística do descarte de equipamentos e um relatório do impacto socioambiental, que pode ser usado no relatório de sustentabilidade e responsabilidade social da empresa, juntamente com o selo e certificado de participação do projeto.

A iniciativa é aberta a todas as empresas do território nacional, associadas à Abes ou não, que queiram participar. Trata-se de um movimento liderado pelo Pacto Global, iniciativa da Organização das Nações Unidas focada em aumentar o comprometimento dos negócios com os Direitos Humanos e com alguns princípios basilares.

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* Denny Thame é fellow do Think Tank Abes.
**Julia Adorno Quartarolo é pesquisadora do grupo Bioeconomia Circular Sustentável da Esalq-USP.

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