Iniciativa visa elevar a taxa de inovação das empresas brasileiras ao patamar de 50% até 2024, o que demandará busca pelas mais diversas formas de financiamento

A recém-lançada Estratégia Nacional de Inovação deve ampliar, no Brasil, o uso de ferramentas como Venture Building, Venture Capital e as mais diversas formas de financiamento público e privado em projetos de inovação das empresas. Essa é a opinião de Romulo Perini, sócio da consultoria de inovação e Venture Builder, Play Studio, que considera coerente a meta de elevar a taxa de inovação ao patamar de 50% até 2024. Ele avalia que o país precisa avançar rapidamente nesta área para conseguir competir em igualdade de condições com os mercados mais desenvolvidos do mundo.

“O empreendedor brasileiro tem no DNA as características de criatividade e resiliência necessárias para criar e implantar processos e produtos inovadores. O que falta é uma ação coordenada para aproveitar esta energia. Esperamos que a Estratégia Nacional represente o início desta coordenação, que certamente precisará contar com o conhecimento e com os recursos de empresas como a Play Studio”, afirma Perini.

O índice é medido pela Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (PINTEC), que teve sua última edição realizada pelo IBGE em 2017. Na ocasião, o estudo registrou que apenas 33,6% das empresas brasileiras com dez ou mais trabalhadores haviam feito algum tipo de inovação em produtos ou processos. Para bater a meta, será necessário um crescimento de 5,6 pontos percentuais por ano a partir de 2022.

A meta é aparentemente ousada, considerando que a Pintec de 2017 revelou uma queda de 2,4 pontos percentuais em relação à edição anterior. Perini, no entanto, avalia que a fixação de um marco a ser alcançado tem o mérito de expor a distância a que nos encontramos do objetivo e, ao mesmo tempo, criar um sentido de urgência na tomada de decisões, que também passam pelo dia a dia das empresas. “Definir estratégias claras de inovação e desenvolver uma mentalidade empreendedora dentro das organizações são pontos fundamentais para fomentarmos um ecossistema mais inovador”, sugere.

De acordo com o Apêndice Teórico da Estratégia Nacional de Inovação, documento elaborado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, algumas ações neste sentido são:

  • Estimular o investimento em startups por meio do aumento da segurança jurídica na relação com investidores.
  • Estimular os ambientes inovadores nas Instituições Científica, Tecnológica e de Inovação (ICTs) a ampliarem a interação das startups a eles ligadas com o mercado e com o setor produtivo em geral.
  • Apoiar a inovação em processos nas empresas, com a adoção de práticas gerenciais, tecnologias e novos conhecimentos para aumento da produtividade e da competitividade.
  • Facilitar o acesso, principalmente de pequenas e médias empresas, a fontes de financiamento e subvenção à inovação.
  • Estimular iniciativas de inovação aberta, inclusive por meio da interação entre os atores do ecossistema de inovação e da adoção de parcerias público-privadas.
  • Fomentar o surgimento e o escalonamento de startups de alta densidade tecnológica (deeptechs).

Perini ressalta ainda que o fato de a Estratégia Nacional fixar parâmetros para impulsionar a colaboração das startups em um sistema de inovação aberta colabora com a meta de crescimento. O executivo, porém, alerta que o sucesso da iniciativa depende da conscientização e do interesse do empresariado em participar desse esforço. “A implementação estruturada de iniciativas de inovação precisa estar na pauta de empresas que quiserem se manter relevantes nesse contexto. Seja através de processos internos, seja utilizando modelos como o Venture Building, em que uma parceira conduz esse processo para a companhia”, conclui.

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