Fonte: Fundação Banco do Brasil

Tecnologia social tem avatar 3D que traduz automaticamente conteúdos digitais para a Língua Brasileira de Sinais (Libras)

Algumas tarefas do cotidiano, como acessar um site pode não ser um problema para uma parcela da sociedade, mas para os deficientes auditivos não é tão simples. E para mudar este cenário, a equipe do Núcleo de Pesquisa e Extensão Lavid, do Centro de Informática da Universidade Federal da Paraíba (CI/UFPB) desenvolveu o VLibras, uma plataforma tecnológica aberta e colaborativa de inclusão digital que permite que pessoas surdas possam acessar conteúdos digitais na sua língua natural em diversos contextos.

A ideia de desenvolvimento aconteceu quando o Centro de Informática da UFPB recebeu a Hozana Raquel, a primeira aluna surda do curso de Ciência da Computação, em 2009. Na ocasião, a UFPB não tinha intérpretes de Libras contratados que pudessem acompanhá-la nas aulas. A necessidade de integrar Hozana às rotinas acadêmicas motivou pesquisadores do Laboratório de Aplicações de Vídeo Digital (LAVID) a projetar uma solução que pudesse ajudá-la no acesso ao material para estudar e no processo de comunicação com os professores. O projeto foi evoluindo com parcerias entre a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o Ministério da Economia (ME), por meio da Secretaria de Governo Digital (SGD) e a Rede Nacional de Pesquisa (RNP), a Suíte VLibras vêm sendo continuamente construída e melhorada desde 2011.

A plataforma de código aberto é gratuita e traduz automaticamente conteúdos digitais em diversos suportes (textos, áudios e vídeos) para a Língua Brasileira de Sinais (Libras) através de um Avatar 3D, tornando computadores, dispositivos móveis e websites acessíveis para pessoas surdas. Os componentes da ferramenta podem ser livremente integrados à qualquer fonte de conteúdo digital. Seu dicionário 3D é um dos maiores do tipo do mundo, com quase 17 mil sinais.

Coordenador de desenvolvimento do VLibras, Tiago Maritan ressalta que atualmente, as pessoas com deficiência auditiva tem um pouco mais de dificuldade para acessar cursos superiores e ter um posicionamento melhor no mercado de trabalho. “Isso ocorre principalmente porque não há acessibilidade plena, acesso à informação adequado para eles em todos os meios. Como o resto da população não é proficiente em Libras, eles acabam dependendo dos intérpretes humanos para se comunicar e acessar informações. Mas isso vem melhorando com o tempo. Tenho sentido alguns avanços nisso com relação a conscientização, políticas públicas e novas tecnologias que aos poucos vão ajudando a eliminar essas barreiras”, explica.

Tecnologia Social
Certificada no Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2019, a solução contabiliza mais de 200 mil downloads, cerca de 6 milhões de acessos diários, e é utilizada em 600 mil páginas na web. “É um projeto que nos enche de orgulho. A sua motivação e finalidade é fonte de empatia imediata e de gratificação permanente para todos os surdos, intérpretes, linguistas, alunos, docentes, pesquisadores e demais profissionais que tiveram a oportunidade de contribuir com o seu desenvolvimento durante todos esses anos. A certificação do VLibras como uma tecnologia social ativa e útil, é um verdadeiro prêmio para todos nós”, destaca Tiago Maritan.

Integração e referencia
O VLibras é usado diariamente em milhões de acessos de todos os seus componentes. Está nativamente integrado em todos os sites do Governo Federal, além de diversos outros portais de entidades públicas e privadas, a exemplo da Câmara dos Deputados, Senado Federal, de Tribunais Regionais, Prefeituras, Governos do Estado, entre outros. “Recebemos relatos frequentes de iniciativas e novos trabalhos acadêmicos em universidades do Brasil inteiro que estão utilizando o VLibras para que as suas soluções, ferramentas e novas tecnologias já estejam disponíveis de forma acessível para a comunidade surda. Isso nos enche de orgulho e é um reconhecimento bacana que o nosso trabalho está ajudando de alguma forma”, conta Tiago.

Com sua força inovadora, o projeto também foi usado como referência na especificação ABNT 15610-3, que define o padrão para transmissão de conteúdos em Libras no Sistema Brasileiro de TV Digital.

Reconhecimento internacional
Em 2018, o desenvolvimento do VLibras rendeu à equipe do Núcleo de Pesquisa e Extensão Lavid, do Centro de Informática da Universidade Federal da Paraíba (CI/UFPB) o prêmio “LATAM Smart City Awards 2018”, na categoria “Sociedade Equitativa e Colaborativa”. A premiação reconhece os projetos de transformação mais inovadores da América Latina que tenham impacto favorável na inclusão, equidade, segurança, sustentabilidade e participação, em um esforço para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.

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