Fonte: It forum
Por Gustavo Lunardelli Trevisan*
Com visibilidade e risco lado a lado, a comunicação corporativa nas mídias sociais tornou-se chave da competitividade e da confiança

A evolução do uso das mídias sociais transformou radicalmente a forma como empresas da indústria e do comércio se comunicam com seus públicos. Se antes a divulgação corporativa se limitava a canais institucionais e campanhas controladas, hoje ela ocorre em um ambiente multidirecional, dinâmico e, por vezes, imprevisível.
Nesse cenário, marcas não apenas divulgam suas mensagens, pois lidam com a circulação de conteúdos espontâneos, avaliações de consumidores e interações em tempo real que moldam a reputação organizacional.
Estudos sobre a temática da comunicação corporativa em ambientes informacionais digitais inferem que a divulgação corporativa nas redes sociais passou a incorporar três dimensões centrais: A comunicação planejada, o engajamento involuntário e a gestão da credibilidade da informação.
O primeiro aspecto se refere às estratégias de marketing digital desenhadas para gerar visibilidade e engajamento. O segundo envolve o conteúdo produzido e compartilhado por usuários, muitas vezes fora do controle das empresas, mas capaz de ampliar ou fragilizar sua imagem. Já o terceiro coloca em evidência a necessidade de filtrar, verificar e reforçar a confiabilidade do que circula, em um momento em que notícias falsas e boatos podem comprometer anos de construção de marca.
Casos recentes ilustram a complexidade do tema. No Brasil, o Magazine Luiza consolidou sua presença digital ao integrar estratégias de venda e engajamento em múltiplas plataformas, reforçando políticas de diversidade e sustentabilidade como parte do discurso corporativo.
Internacionalmente, a Nike se destacou ao transformar campanhas sociais em narrativas de engajamento global, mas também enfrentou críticas em ondas de boicote organizadas nas próprias redes. Esses exemplos representam que, mais do que divulgar produtos, empresas precisam construir narrativas coerentes, alinhadas a valores sociais e ambientais que ressoem com seus públicos.
A dimensão regulatória também se intensifica. O Brasil avança em legislações de proteção de dados e responsabilidade sobre conteúdo digital, exigindo que empresas adotem práticas transparentes e sistemas de compliance em suas estratégias de divulgação.
Concomitante, a adoção de tecnologias como inteligência artificial e análise de big data amplia a capacidade de personalizar comunicações, mas levanta dilemas éticos quanto à privacidade e ao uso responsável de informações de consumidores.
Para os setores industrial, comercial e serviços, a principal lição é clara; A presença digital não pode ser vista apenas como vitrine de produtos e/ou daquilo que se oferta, mas como espaço de diálogo estratégico. Para as organizações, significa ampliar o olhar para adoção de métricas que vão além do alcance e da taxa de cliques, incorporando indicadores de confiança, reputação e engajamento qualificado. Também implica investir em equipes multidisciplinares capazes de articular marketing, tecnologia e governança corporativa.
Por fim, a divulgação corporativa nas mídias sociais deixou de ser um acessório e tornou-se um elemento central da competitividade empresarial. As organizações que compreendem a lógica desse ecossistema, equilibrando visibilidade, credibilidade e responsabilidade, estarão mais preparadas para construir relações sólidas com seus públicos e enfrentar os desafios de um mercado cada vez mais transparente, exigente e digital.
É tempo para o entendimento.
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*Pesquisador do Think Tank ABES, com doutorado e mestrado em Ciência da Informação. Atua em temas como SEO, ASEO, inbound marketing e ambientes informacionais digitais, integrando grupos de pesquisa nacionais de referência (IBICT, UNESP e UEL). As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, os posicionamentos da Associação.





