Fonte: Instituto Mauá de Tecnologia – IMT

Método tem ganhado destaque para a segurança e o armazenamento de informações

As discussões acerca do uso de sistemas de monitoramento e reconhecimento facial têm ganhado força nos últimos meses, apresentando pontos positivos e negativos para a segurança em diferentes áreas. Carlos Alberto Iglesia Bernardo, coordenador do módulo de Boas Práticas, Normas e Compliance do curso de Especialização em Segurança Cibernética do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), explica que o reconhecimento facial se baseia na análise dos traços de uma pessoa, portanto necessita de uma câmera digital, para a captura da imagem, e de uma unidade de processamento inteligente para efetuá-la. “Contudo, como se trata de um processo de análise dos traços da pessoa, a precisão depende muito da quantidade de pontos analisados e da qualidade da imagem capturada, ou seja, não é um método infalível”, diz o especialista.

Como funciona essa tecnologia?

Primeiro passo: a imagem é capturada em uma câmera digital, que, por meio de seu conjunto de lentes e sensores fotoelétricos, converte-a em informação digital, normalmente no formato de um arquivo de computador no qual a sequência de bits traduz as características de luminosidade e cor de cada ponto da imagem capturada.
Segundo passo: a informação é analisada por meio de um programa que sabe identificar, pelos padrões formados pelos bits, qual trecho do arquivo corresponde a um rosto e a seus pontos distintivos.
Terceiro passo: os traços formados por esses pontos distintivos são comparados com os traços extraídos de imagens faciais de pessoas previamente cadastradas ou obtidas de forma que se possa saber a identidade de quem aparece nelas.

Desse modo, a imagem de uma pessoa é capturada e seus traços faciais são comparados com traços previamente armazenados da mesma pessoa. “O ponto interessante é que, como a imagem é convertida num arquivo com os dados sobre o rosto de uma pessoa e seus pontos distintivos, não é necessário o computador armazenar a imagem, quer dizer, basta que seja armazenado o arquivo com essas informações. Logo, um banco de informações usado para reconhecimento facial não se parece com um álbum de fotos, pois não há imagens armazenadas nele”, explica o professor Iglesia Bernardo.

Em termos de segurança cibernética, o professor aposta que o reconhecimento facial é utilizado em processos de identificação e de autenticação de pessoas. A identificação permite saber quem é a pessoa, num conjunto definido, enquanto a autenticação confirma ser realmente ela. Quanto à autenticação, existem três tipos de fatores que permitem confirmar: o primeiro é algo que somente a pessoa saiba, como as senhas; o segundo é algo que somente ela possua, como um token, e o terceiro fator é algo ligado ao que ela é, por exemplo, o reconhecimento facial.

Hoje ainda há muita discussão sobre a aplicação combinada da inteligência artificial e do reconhecimento facial. “Isso ocorre não somente por causa das questões de privacidade e segurança pública, mas também pelos riscos de vieses nos algoritmos, que levem a situações de discriminação. Os algoritmos, incluindo os de aprendizado de máquina, são criados por seres humanos, não são infalíveis”, acrescenta Iglesia Bernardo.

No Brasil, desde 2020, existe a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, que trata dados biométricos como dados sensíveis e está em discussão no Congresso Nacional um marco legal para o uso e desenvolvimento da inteligência artificial. “A tecnologia atual pode e, muito provavelmente, vai melhorar em sua precisão e será cada vez mais aplicada para resolver os problemas com que nos defrontamos na sociedade. O ponto principal para que isso se faça com o menor risco possível é a regulamentação apropriada”, finaliza o professor.

Compartilhe