Fonte: Tech Girls

Equipamentos são recuperados e doados para mulheres que podem ingressar no mercado de tecnologia conquistando autonomia financeira e autoestima

Com reciclagem de apenas 3% de mais de 2,1 mil toneladas de resíduos eletrônicos gerados anualmente, o Brasil é o quinto maior produtor de lixo eletrônico no mundo e o maior na América Latina, de acordo com o The Global E-waste Monitor 2020. Paradoxalmente, segundo recente pesquisa do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (CETIC.BR), 44 em cada 100 domicílios do sul do país não têm computadores – menos que a média nacional, de 55 em cada 100. Foi para reverter esse cenário que a desenvolvedora de software e educadora digital Gisele Lasserre criou, em 2017, o Tech Girls, que recupera computadores que seriam descartados e os transforma em equipamento de trabalho para mulheres em situação de vulnerabilidade social.

Por meio de uma metodologia própria para combater a exclusão digital, o Tech Girls capacita mulheres e torna acessível o conhecimento em tecnologia, auxiliando na criação de negócios digitais e no acesso ao mercado de trabalho em TI. Com isso, já contribuiu para a transformar diretamente 480 vidas femininas, promovendo impacto positivo em centenas de famílias e comunidades de Curitiba e região metropolitana – e, atualmente, vem estabelecendo parcerias para promover a capacitação e inclusão de mulheres no mercado de tecnologia em todo o Brasil.

“No início, a missão do Tech Girls era capacitar e incluir mulheres no mercado de trabalho de tecnologia, que é majoritariamente masculino. Com a conclusão das primeiras turmas, notamos que essas mulheres estavam plenamente capacitadas, mas muitas não tinham o mais importante: um computador. Sem ele, seria impossível dar continuidade a seus negócios digitais ou à sua formação”, comenta Gisele Lasserre. “Então, ampliamos nosso escopo e passamos a recolher equipamentos que seriam descartados, reformá-los e doá-los a nossas alunas que completam os cursos com nota classificatória. Também incluímos a capacitação em manutenção e assistência técnica de computadores em nossa grade de cursos. Dessa forma, incentivamos a economia circular e geramos impacto positivo tanto na esfera econômica quanto na social”, conclui.

Com a pandemia, Gisele Lasserre viu a demanda por capacitação digital crescer. “Muitas empreendedoras, que atendiam clientes em domicílio ou em pequenos espaços, foram profundamente afetadas com a necessidade de isolamento social. E isso teve impacto não apenas nos negócios, mas também na fonte de renda e na autoestima dessas mulheres, muitas vezes mães de família ou se reerguendo depois de alguma dificuldade”.

É o caso de Gislaine Chaves. Em 2018, a curitibana realizou uma cirurgia delicada para a retirada de um tumor no útero e, no ano seguinte, foi diagnosticada com depressão e síndrome do pânico. Paralelamente ao tratamento médico, e como forma de auxiliar em sua recuperação, Gislaine decidiu investir na reforma da casa e na produção de artesanatos. Foi então que, pelas redes sociais, conheceu a capacitação à distância oferecida pelo Tech Girls. “Esse foi um divisor de águas na minha vida. Ainda durante o curso, criei uma marca e passei a vender pela internet, sem muita pretensão, os artesanatos que havia produzido. Descobri que poderia ir além do que imaginava! Hoje, minha loja de presentes personalizados é não só uma fonte de renda, mas um combustível para que eu possa seguir atrás de novos sonhos”.

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