Fonte: tiinside
Por Jorge Sukarie*

A tecnologia deixou de ser apenas um instrumento de suporte para se tornar uma engrenagem estratégica da competitividade empresarial. Essa transição é visível e mensurável. Um dos dados mais reveladores do estudo mais recente conduzido pela Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES) em parceria com a International Data Corporation (IDC) é que 75% das empresas brasileiras de médio e grande porte planejam aumentar seus investimentos em Tecnologia da Informação (TI) em 2025. Essa não é uma decisão baseada em modismos, mas na compreensão de que inovação e transformação digital são essenciais à sobrevivência em um mercado cada vez mais dinâmico e interconectado.

O Brasil aparece hoje como o 9º maior mercado global em investimentos em TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação), com destaque crescente para o setor de software e serviços. Há apenas duas décadas, mais de 67% dos investimentos nacionais em tecnologia estavam concentrados em hardware. Em 2024, essa proporção caiu para 47%, enquanto software e serviços avançaram para 53%, refletindo uma maturidade digital maior por parte das empresas.

Essa evolução aponta para algo fundamental: organizações brasileiras estão incorporando inteligência e automação aos seus processos, deixando para trás uma era em que a TI era vista como um centro de custo. A transformação digital passou a ser tratada como investimento estratégico — e, mais que isso, como catalisador da própria transformação empresarial.

É nesse contexto que a inteligência artificial (IA) entra com força. De acordo com o mesmo estudo, 96% das empresas já utilizam ou pretendem utilizar IA nos próximos 12 meses. O objetivo não é apenas acompanhar tendências tecnológicas, mas aplicar ferramentas que permitam maior eficiência operacional, ganho de escala e melhoria na experiência do cliente. A automação de processos, a análise inteligente de dados e a cibersegurança são apenas algumas das áreas onde a IA tem gerado resultados reais e sustentáveis.

Outro aspecto notável é o perfil dos líderes empresariais entrevistados. Mais da metade são decisores diretos de investimentos em tecnologia. Isso reforça a tese de que o impulso à transformação digital está vindo de cima — dos CEOs, CIOs e diretores executivos que enxergam claramente o impacto da inovação tecnológica no desempenho da organização.

Essa é uma agenda que vai além de TI. É uma mudança estrutural no modo como as empresas brasileiras operam, relacionam-se com seus mercados e se posicionam frente aos desafios globais. Adotar a transformação digital como prioridade não é mais uma opção, mas um caminho necessário para empresas que desejam competir em um cenário internacional cada vez mais exigente, conectado e regulado.

Por isso, mais do que uma análise técnica, o estudo da ABES e da IDC é um convite à ação. Um alerta sobre a urgência de investir, planejar e pensar estrategicamente o papel da tecnologia nos negócios. Que este seja apenas o início de um diálogo mais amplo e profundo sobre o futuro digital do Brasil.

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*Membro do Conselho da ABES.

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