O Instituto Handsfree (Handsfree), startup sediada em Jaboatão dos Guararapes (PE) desenvolveu, com resultados surpreendentes, um aparelho de baixo custo que permite a pessoas com deficiências físicas severas controlar qualquer equipamento, como celulares e computadores, apenas por meio de movimentos da cabeça.
E, agora, o idealismo de três pernambucanos – Sergio Maymone, Philippe Magno e Felipe Silva – recebeu um importante impulso: o Instituto Handsfree, fundado em 2015, foi eleito para representar o Brasil na Creative Business Cup (CBC), copa do mundo de startups realizada anualmente na Dinamarca. A competição, uma das principais vitrines para negócios inovadores no mundo, ocorrerá em Copenhague no dia 16 de novembro de 2017.
“A ideia do aparelho foi do Sergio, que conheceu um tetraplégico e quis criar um aparelho que pudesse realmente ajudar os deficientes físicos”, afirma Philippe Magno, diretor de marketing da startup. No Brasil, estima-se que existam 45,6 milhões de pessoas com alguma deficiência física.
Um aspecto primordial do projeto, ressalta Magno, é que o equipamento seja de baixo custo. “Os aparelhos para deficientes físicos são sempre muito caros, custam de R$ 15 mil a R$ 100 mil”, afirma. O protótipo desenvolvido pela Handsfree, uma espécie de mouse acionado pelo movimento da cabeça, custa cerca de R$ 2 mil.
O instituto também desenvolveu um kit de automação residencial, que permite ao deficiente acender a luz, por exemplo, e que custa cerca de R$ 5 mil. “Mas acreditamos que esse valor ainda é inacessível para muita gente”, diz Magno. O Handsfree já está em contato com uma grande marca nacional de bens de consumo, que se interessou em comprar os aparelhos para distribuí-los.
O Handsfree também desenvolveu um projeto de “home school”, que permite ao deficiente físico participar de atividades de ensino a distância. Segundo Magno, o projeto já foi implantado na Prefeitura do Jaboatão dos Guararapes (PE) e outras prefeituras já se mostraram interessadas. É provável que o instituto feche em breve uma parceria com uma grande cidade brasileira.
O protótipo do mouse nasceu do zero, conta Magno, e o aparelho foi testado até o momento por 15 usuários, todos bancados pelo Handsfree. “Só agora vamos lançar um produto comercial”, afirma. Entre as pessoas que já experimentaram o aparelho está Laís Souza, que se acidentou enquanto se preparava para disputar os Jogos Olímpicos de Inverno em 2014. Em junho, a atleta gravou um vídeo em que testa o aparelho do Handsfree
Até o momento, foram investidos R$ 600 mil na startup. O Handsfree é uma empresa sem fins lucrativos. Os fundadores recebem um salário, mas todo o lucro com a venda dos equipamentos será reinvestido na empresa, afirma Magno. “O projeto possui uma alta capacidade de escala e é sustentável financeiramente”, diz.
Segundo ele, a participação do Handsfree na Creative Business Cup será uma grande oportunidade para dar visibilidade ao projeto, tanto no Brasil quanto no exterior. Os países europeus, em especial, são mais sensíveis ao tema da assistência aos deficientes físicos em razão das guerras mundiais. “Esperamos ter uma repercussão bacana”, diz Magno.
Sobre a Creative Business Cup (CBC)
A seleção das startups brasileiras foi conferida, em 2017, pela Creative Business Cup ao OpenCity Lab (OCL), plataforma de startups com impacto urbano positivo lançada para incentivar a inovação nas cidades brasileiras, onde vive 86% da população do país. O Handsfree foi escolhido como campeã nacional por um time de 31 jurados de diferentes setores, seguindo os critérios estabelecidos tanto pela Creative Business Cup, como criatividade e potencial de mercado, quanto pelo OpenCity Lab, que elegeu negócios que estivessem inseridos em um dos seus nove pilares de atuação (infraestrutura, mobilidade, educação, bem-estar, ecologia urbana, negócios, direito à cidade, moradia e tribos urbanas).