Fonte: Agência de Notícias CNI
Investimentos crescentes em automação industrial fazem dos robotistas profissionais disputados pelo setor produtivo. Mesmo frente à crise, a oferta de vagas para quem sabe programar robôs supera a quantidade de profissionais qualificados
Enquanto diversas áreas profissionais estão saturadas, o mercado de robotistas é carente de mão de obra especializada. A profissão ainda não é regulamentada no Brasil, mas as oportunidades de emprego para quem sabe programar robôs industriais são crescentes, e a carreira permite rápida ascensão profissional, em especial no setor automotivo e alimentício. O uso de robôs nos processos de produção é uma tendência mundial.
Dados da Federação Internacional de Robótica (IFR, da sigla em inglês) mostram que, em 2016, foram vendidos 1,8 mil robôs industriais no mercado brasileiro. O volume de robôs deve aumentar até 2019. Em todo o mundo, a estimativa da IFR é que o setor adquira 400 mil robôs industriais. Apenas no Brasil, serão 3.500 novas unidades nas fábricas.
Para melhorar este cenário, o governo federal decidiu zerar o imposto de importação para compra de robôs industriais produzidos fora do Brasil. A medida foi proposta pela Câmara de Comércio Exterior e vai beneficiar quase 5 mil produtos, dentre eles, robôs industriais para setores como o têxtil, calçadista e automotivo.
Na avaliação do diretor regional da SPI Integradora, Felipe Madeira, a tecnologia está evoluindo muito, é uma tendência mundial e, com isso, o que se espera é uma mão de obra mais preparada. A SPI é uma empresa voltada para produção de software e sistemas de automação, com sede em São Paulo. Na falta de profissionais, a empresa precisou adotar uma solução caseira nas unidades de São Caetano do Sul (SP).
“Há uma dificuldade no mercado, com isso foi preciso pegar um profissional mais cru e treinar na própria fábrica para não faltar pessoal. Tem oportunidades de emprego, mas tem de ter qualificação. E dentro dos profissionais da indústria na área de software, mecânicos e eletricistas, o robotista tende a ser o mais bem remunerado”, diz.
O investimento da indústria em robotização pode reduzir custos e aumentar a produtividade e, consequentemente, a competitividade. Por isso, mão de obra qualificada é fundamental para fazer a integração e a manutenção dessas tecnologias. O gerente-executivo de Educação Profissional e Tecnológica do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Felipe Morgado, explica que os cursos técnicos de automação industrial e mecatrônica passaram por adaptações nos últimos anos para garantir formação de excelência.
“O modo de produção industrial está passando por uma revolução, e as mudanças devem estender-se às salas de aulas. Atento às necessidades da indústria, o SENAI está incorporando novas tecnologias, aprendizagem adaptativa e inteligência artificial, para promover as interações de ensino e mediar a aprendizagem de acordo com a necessidades específicas de cada aluno”, diz Morgado.
ÁREA EM EXPANSÃO – Foi exatamente a capacitação que levou o paulista Gabriel Silva, 29 anos, a entrar no mercado de robotistas. Primeiro foi o curso técnico em Automação Industrial e, depois, Engenharia Mecatrônica. De estágio em estágio, Gabriel foi parar na ABB, multinacional de automação nas áreas de energia industrial e residencial. Foi onde ele aprendeu tudo sobre a profissão que envolve principalmente programação e integração com outros equipamentos.
O gosto pela profissão de robotista e as possibilidades de crescimento profissional foram tantas que há 7 meses Gabriel abriu a própria empresa. “Nessa decisão também levei em conta o maior retorno financeiro e a possibilidade de aprender mais e ampliar o mercado. Sempre vamos encontrar situações diferentes, porque o mundo dos robotistas evolui muito rápido. Percebo que há uma carência desse profissional, principalmente na área automotiva. Quem se destaca, consegue entrar e ficar”, afirma.
Em 2000, o gaúcho Luis Marcelo da Silva, 46 anos, começava a trabalhar na GM, onde teve os primeiros contatos com a profissão de robotista. “Nosso contrato era como técnico em Eletrônica, mas a gente trabalhava basicamente com células robotizadas e automatizadas. Nossa função era ver a programação dos robôs, identificar possíveis falhas na programação ou mecânicas. Todas estas coisas relacionadas aos robôs”, diz.
Para ganhar mais conhecimento e atualização que o mercado exige, Luis também fez o curso de tecnólogo em Automação Industrial no SENAI de Porto Alegre. “Preciso ficar bem qualificado para qualquer vaga de emprego. O futuro na área de robótica é um caminho sem volta e a profissão de robotista vai se ampliar cada vez mais, assim como em outras áreas ligadas à tecnologia”, finaliza.