Por Betina Wecker*
Cerca de 46% dos brasileiros sonham em abrir o seu próprio negócio. O desejo está entre as maiores ambições da população, ficando atrás apenas de viajar e de comprar uma casa, segundo o relatório Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizado no Brasil em parceria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). No entanto, na prática, muitas pessoas acabam não seguindo esse caminho pelo medo de não obter sucesso e acabar com problemas operacionais ou financeiros. Nesse cenário, o empreendedorismo digital tem se mostrado uma alternativa interessante. Vivemos em uma nova era do empreendedorismo, na qual é possível planejar, gerenciar e até mesmo operar um negócio inteiro apenas com um computador e internet. Nesse modelo, é muito mais fácil começar algo. Não é necessário manter uma loja física, pagar aluguel e ter um estoque, por exemplo.
Esse tipo de empreendedorismo também tem como vantagem o alto potencial de escalabilidade e renda, considerando que uma loja online fica aberta 24 horas por dia e pode atender a todo o território nacional — ou até internacional. Diante desses benefícios, existe uma tendência marcada pela expansão dos mercados digitais, que se consolidaram com a alta demanda. A sociedade está cada vez mais conectada a esse ambiente, onde é possível estudar, trabalhar, construir relações, realizar consultas com especialistas, fazer compras, entre outras ações. E, com a pandemia, esse cenário foi ainda mais potencializado, com o uso da internet alcançando recordes, conforme apontou a pesquisa TIC Domicílios 2020. Muitas pessoas lançaram cursos online dos mais variados, com aulas que vão desde música até beleza ou finanças pessoais, ou aproveitaram a oportunidade para criarem seus e-commerces.
Agora, mesmo em um cenário pós-pandêmico, os novos hábitos de consumo devem se manter: de acordo com o estudo Global Payments Report, as vendas do e-commerce no Brasil devem avançar 95% até 2025. Diante desse contexto, elenco cinco dicas para quem quer começar a empreender em um negócio digital. Embora o mercado esteja em expansão, é importante ter foco e entender os melhores caminhos para obter sucesso.
1 – Planejamento e estudo são a base de qualquer negócio
Para iniciar qualquer negócio, traçar um bom planejamento é algo básico. Isso começa com um estudo do mercado e a definição da atuação: qual formato você irá investir, lançará um e-commerce ou produzirá um infoproduto, por exemplo?
Em qualquer um dos casos, é necessário estabelecer qual será o produto ou serviço comercializado, o nicho de atuação e o público-alvo — afinal, ao decidir entre vender apenas para pessoas do bairro ou para todo o Brasil, as estratégias aplicadas mudam completamente.
É fundamental que você avalie se tem domínio sobre as questões conforme elas vão sendo escolhidas. Ao definir uma mercadoria para vender, é preciso entender bem as funcionalidades e potencialidades, para assim ter profundidade nas ações de marketing e vendas, visando atingir o cliente. Caso não tenha esse conhecimento, é importante estar preparado para estudar e adquiri-lo.
2 – Uma boa plataforma de vendas é essencial
Para manter um negócio digital, é necessário utilizar uma plataforma para hospedar seu e-commerce ou infoproduto. Hoje, existem diversas opções no mercado, por isso é vantajoso pesquisar bem antes de fazer essa escolha.
Dependendo das funcionalidades da ferramenta, o empreendedor digital conseguirá criar seu espaço online de maneira mais profissional, com itens como catálogo, cadastro de clientes, gestão financeira, controle de estoque e acesso a relatórios estatísticos sobre as vendas, por exemplo. O ideal é avaliar os prós e contras de cada ferramenta, analisando a relação entre os custos e as funcionalidades e verificando qual faz mais sentido para o seu negócio.
3 – Operações logísticas devem estar bem definidas
Existem diversas escolhas que um empreendedor digital precisa fazer com relação à logística do seu negócio: se vai ou não ter estoque físico de mercadorias, se vai mandar o pedido direto do fornecedor para o cliente final, se vai fazer os pedidos ao fornecedor por demanda ou antecipadamente, se vai ficar responsável pelas embalagens e envios ou se vai terceirizar esse processo, e assim por diante.
A logística do comércio online é um fator que demanda análise muito cuidadosa por parte dos empreendedores, considerando que o envio das mercadorias impacta diretamente na experiência do consumidor. Atrasos ou danos na entrega podem gerar reclamações que prejudicam a imagem e, consequentemente, as vendas do negócio. Por isso, é essencial alinhar bem esses pontos logo no início do projeto.
4 – É preciso entender de marketing e usá-lo a seu favor
Hoje, nenhum negócio se sustenta sem um bom marketing digital — ainda mais no ambiente online, que depende fortemente desse recurso. Por isso, Betina aconselha que os empreendedores digitais busquem por uma capacitação na área antes de iniciar suas atividades.
Existem diversos conteúdos disponíveis gratuitamente na internet que falam sobre o funcionamento da comunicação nas diferentes redes sociais, explicam sobre mídias orgânicas e pagas e apresentam conceitos básicos de marketing. Você não precisa, no princípio, ser um expert, mas é fundamental saber usar as ferramentas disponíveis a seu favor. Pesquisar concorrentes e analisar o mercado, sempre se atualizando com as estratégias que fazem mais sentido para o seu público, também são ações indicadas.
5 – Pagamentos exigem uma atenção especial
Imagine a situação: você estudou e planejou bem seu negócio, escolheu uma plataforma digital que atende às necessidades dos seus clientes, definiu uma logística eficiente, fez um marketing certeiro e conseguiu levar o consumidor até a página de conclusão de uma compra. No entanto, o pagamento dele não é aceito: a venda é perdida e todo o processo de conquista do cliente foi em vão.
Para empreendedores digitais, a taxa de aprovação é uma das métricas mais importantes do mercado. Não adianta você investir em diversas estratégias para captação de potenciais clientes se, quando eles chegam no processo de pagamento, a compra é recusada. Isso pode ocasionar não apenas a perda da venda específica, como também prejudicar a reputação do negócio no longo prazo. Por conta disso, deve-se dar uma atenção especial à escolha dos mecanismos de pagamento para as vendas online.
É importante verificar se o gateway escolhido é capaz de oferecer todos os meios de pagamento, para que o cliente não deixe de efetuar a compra por não ter acesso ao método da sua preferência. Atualmente, cartões de crédito e débito, boleto e Pix são algumas das escolhas mais populares. Além disso, é interessante avaliar as taxas de aprovação do parceiro. Opções de processadores com antifraude híbrido, isto é, automático e manual, por exemplo, possuem índices melhores de efetivação das compras, já que todas as transações identificadas como suspeitas passam por uma segunda revisão mais detalhada, evitando que uma operação legítima seja reprovada.
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*Cofundadora e VP de Novos Negócios na Appmax, startup que ajuda a maximizar resultados de negócios digitais