Fonte: agência de notícias da indústria
Propostas estão entre as 44 elaboradas pelas forças-tarefas e conselhos formados por líderes empresariais de países do G20, em temas como comércio, inovação e sustentabilidade
O B20 Índia, que ocorre entre 25 e 27 de agosto, em Nova Delhi, elaborou 44 recomendações acompanhadas por 170 ações de políticas, guiadas pelas sete forças-tarefas e dois conselhos de ação. Elas serão entregues aos chefes de Estado na reunião do G20, em setembro.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI), que representa o setor privado brasileiro no fórum empresarial, destacou dez recomendações de alta prioridade para a indústria brasileira com base nas agendas de maior interesse do setor produtivo nacional e em consonância com as prioridades delineadas no Plano de Retomada da Indústria.
Saiba o que é o B20 e sua importância para a indústria brasileira
O presidente eleito da CNI, Ricardo Alban, que assume o cargo a partir de 31 de outubro, lidera a missão brasileira de altos executivos no B20. A delegação brasileira reúne mais de 20 representantes do setor privado, com altos executivos de Embraer, Cedro Têxtil, Siemens, Tupy, Marcopolo e Natura.
Em dezembro de 2023, a CNI assume a presidência rotativa do B20 para o ano de 2024.
“O fórum é estratégico para posicionar a indústria brasileira como ator global relevante na formulação de pautas prioritárias. Com o Brasil à frente do G20 e a CNI liderando o B20 teremos uma oportunidade única para alavancar as prioridades e influenciar as discussões e adoções de políticas junto às principais economias do mundo”, afirma Alban.
Conheça as principais recomendações consideradas prioritárias. As propostas na íntegra podem ser consultadas no documento a seguir:
Recomendações prioritarias B20 Índia.pdf (321,3 KB)
1) Cadeias globais de valor mais resilientes e sustentáveis
O que fazer: fortalecer a resiliência sistêmica e operacional das cadeias globais por meio de reformas multilaterais contínuas e de cooperação internacional na redução de medidas restritivas ao comércio
O que a CNI faz: trabalha para que o governo desenvolva uma estratégia nacional de superação de barreiras enfrentadas por exportações brasileiras de bens e serviços. Essa estratégia inclui a ampliação do Brasil nas discussões em foros internacionais. Essa frente de ação se alinha com a proposta do B20 de fomentar a resiliência por meio da cooperação internacional na redução de barreiras comerciais. Atualmente, para fortalecer a resiliência de cadeias estratégicas para o país no setor de saúde e agronegócio, por exemplo, a CNI propõe mapear as fragilidades de insumos críticos, identificar mercados alternativos e reduzir a dependência nacional por importações de insumos, bens e serviços estratégicos, entre outros.
2) Digitalização do comércio
Como: por meio da aplicação de tecnologias digitais avançadas que estão relacionadas com às técnicas de produção e das operações de comércio
O que fazer: estabelecer a infraestrutura digital necessária e a promoção da adoção de tecnologias para acelerar o comércio e a eficiência.
O que a CNI propõe: para avançar com a digitalização das operações de comércio internacional do Brasil, o Plano de Retomada da Indústria da CNI propõe um conjunto de ações para desburocratizar, facilitar e modernizar o comércio exterior brasileiro. Entre elas, a CNI propõe garantir os recursos para que se cumpra o cronograma de desenvolvimento e implementação do Programa Portal Único de Comércio Exterior, além de ampliar e acelerar a implementação de documentos eletrônicos e de padrões digitais internacionalmente reconhecidos.
3) Acelerar a capacitação da força de trabalho
O que fazer: acelerar a capacitação da força de trabalho prevendo, em primeiro lugar, as habilidades necessárias para as mudanças tecnológicas por médio de estruturas impulsionadas por tecnologia e alavancando, em segundo lugar, a tecnologia para reduzir a diferença entre a capacitação disponível e as demandas dos empregos futuros.
O que a CNI propõe: o Plano de Retomada da Indústria da CNI propõe, dentre outras iniciativas, a formulação de uma política nacional voltada para a educação profissional e tecnológica. Adicionalmente, busca a adaptação da oferta educacional às necessidades de médio e longo prazo dos setores produtivos, bem como a implementação de políticas públicas para a requalificação profissional e o aprimoramento contínuo dos trabalhadores.
4) Colaboração global para transição energética
O que fazer: acelerar o desenvolvimento e a comercialização de tecnologias de energia limpa por meio de políticas coordenadas e de um pipeline maior de projetos de energia limpa
O que a CNI propõe: um dos principais objetivos do Plano de Retomada da Indústria é a construção de uma economia de baixo carbono, por meio de incentivos que ampliem a participação de fontes renováveis. As prioridades incluem a expansão do programa de eficiência energética na indústria, o estímulo ao desenvolvimento da cadeia de valor do hidrogênio sustentável e a regulamentação da implementação de parques de energia eólica offshore. Um elemento importante que se propõe para atingir esse objetivo é dar uma orientação de mercado mais robusta às potencialidades brasileiras, como, por exemplo, os biocombustíveis.
5) Financiamento para micro, pequenas e médias empresas
Como: melhorar o acesso ao financiamento e reduzir o custo de capital para promover o crescimento inclusivo
O que fazer: incentivar os governos a criar fundos para melhorar as condições de financiamento visando facilitar o acesso das micro, pequenas e médias empresas ao financiamento e fortalecer sua capacidade financeira.
O que a CNI propõe: para reduzir complicações causadas por esses obstáculos, o Plano de Retomada da Indústria propõe uma série de medidas para aprimorar o acesso a crédito prioritariamente para MPMEs e para exportação. Tais como, diretrizes relacionadas a garantias no processo de concessão de crédito e a reforma do sistema de crédito oficial à exportação. Outras iniciativas prioritárias no plano são a permanência dos recursos do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), bem como do Programa Emergencial de Acesso a Crédito (PEAC), e a sugestão que o BNDES seja o principal agente promotor do processo de reindustrialização.
6) Transformação empresarial para micro, pequenas e médias
Como: por meio do acesso a financiamento sustentável, a uma ferramenta digital específica reconhecida globalmente, e a um ambiente regulatório favorável
O que fazer: expandir os esforços para fornecer financiamento sustentável para as micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) adotarem tecnologias digitais e serviços complementares.
O que a CNI propõe: a Transformação Digital é uma das missões prioritárias do Plano de Retomada da Indústria. O objetivo é capacitar as empresas brasileiras, em especial, as pequenas e médias empresas, para que possam ampliar sua escala de mercado e, assim, habilitar-se a participar de cadeias globais de fornecimento. A missão de Transformação Digital se desdobra em programas, que visam oferecer soluções para as diversas barreiras à adoção das novas tecnologias digitais e à modernização dos processos produtivos.
7) Laboratório e Biblioteca Virtual de Tecnologia
Como: uma plataforma para promover a colaboração transfronteiriça em pesquisa e desenvolvimento (P&D), transferência de conhecimento das melhores práticas de tecnologia e disseminação das informações mais recentes sobre recursos/fundos disponíveis globalmente
O que fazer: criar um conselho de gestão com representantes do G20 e B20 para supervisionar o desenvolvimento e financiamento de uma plataforma virtual de laboratórios e bibliotecas digitais. Especialistas globais seriam designados para colaborar em laboratórios virtuais e promover a inovação conjunta.
O que a CNI faz: o desenvolvimento produtivo científico e tecnológico requer reforçar o ecossistema de ciência, tecnologia e inovação. Para isso, a CNI tem um conjunto de ações que visam produzir uma maior interação entre empresas e outros atores relevantes, de modo a dinamizar a inovação empresarial, como evidenciado no âmbito da Mobilização Empresarial pela Inovação, coordenada pela CNI.
8) Transferência de tecnologia na Indústria 4.0
Como: criar um mecanismo institucional para padronizar os protocolos da Indústria 4.0 com diretrizes para acelerar a transferência de tecnologia e o compartilhamento de conhecimento sobre as melhores práticas da indústria
O que fazer: criar programas de aceleração da Indústria 4.0 para transferência de conhecimento e tecnologia por meio de workshops e eventos tecnológicos.
O que a CNI faz: a ideia de programas de aceleração converge com o esforço da CNI para vincular educação e trabalho, visando qualificar a força de trabalho e promover a capacitação empresarial. Essa recomendação também se alinha com ações que visam promover o ecossistema inovador coordenadas pela CNI, como a Mobilização Empresarial pela Inovação.
9) Economia circular e práticas sustentáveis
Como: promover a economia circular e práticas sustentáveis de cadeia de suprimentos, facilitando a pesquisa sobre materiais alternativos, rastreabilidade de materiais reciclados e estabelecendo padrões globais para materiais verdes
O que fazer: criar um “Passaporte Digital de Materiais” para rastrear a origem e reutilização/reciclabilidade dos materiais. Criar programas de pesquisa para processos verdes e reutilização. Colaborar com a academia para desenvolver currículos sobre economia circular. Criar um mercado para matérias-primas verdes e recicladas através de parcerias.
O que a CNI propõe: trabalha para instituir uma política nacional de economia circular que seja capaz de promover a gestão estratégica dos recursos naturais e pavimentar o caminho de transição para a economia circular. Também propõe um conjunto de medidas para simplificar a operação do sistema de logística reversa para acelerar as ações circulares de tratamento de resíduos.
10) Padrões ESG universalmente adaptáveis
Como: estabelecer padrões e divulgações ESG (Ambiental, Social e Governança) universalmente adaptáveis que sejam abrangentes, transparentes, inclusivos e equitativos, em todas as geografias
Como fazer: adotar um conjunto padrão de definições/taxonomias para garantir estruturas ESG harmonizadas e transparentes para divulgações, relatórios e classificações.
O que a CNI faz: a agenda ESG da CNI possui três pilares: 1) Conhecimento, visando disseminar conceitos ESG para equidade de entendimento; 2) Mobilização, para engajar o mercado financeiro em soluções de finanças sustentáveis para a indústria; e 3) Qualificação, buscando identificar gargalos e capacitar PMEs para acelerar suas jornadas ESG.
A Rede ESG da Indústria, com representantes de 21 federações estaduais e 11 associações setoriais, amplifica essa ação. Além disso, A CNI representa a indústria em fóruns de debate relacionados a finanças sustentáveis e ESG como: o Comitê Brasileiro de Pronunciamentos Sustentáveis (CBPS); o Laboratório de Inovação Financeira (LAB); e a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT/CEE 256).