Por Antonio Eduardo Mendes da Silva*
Estamos vivendo uma revolução por meio de sensores, dados, criptografia e nuvens.
Desde 2010, o número de dispositivos conectados à internet superou o número de pessoas nos Estados Unidos. Hoje, o norte americano tem, em média, mais de dez aparelhos conectados. A previsão é de que, em 2022, uma casa típica tenha cerca de 500 dispositivos conectados. O Brasil está no mesmo caminho. Segundo dados da Ericsson, o Brasil terá 2 bilhões de dispositivos interligados à rede no ano de 2020.
Contudo, essa tendência não se trata apenas de atrelar objetos à internet, mas de nos aproximar de oportunidades infinitas. Aparelhos conectados estarão, cada vez mais, incorporados a aspectos importantes de nossas vidas e significam acesso a um conhecimento sem precedentes na nossa história. Estamos vivendo uma revolução por meio de sensores, dados, criptografia e nuvens.
Soluções de inteligência artificial, internet das coisas, nuvem e big data estão abrindo caminho para que tenhamos mais qualidade de vida e para que as economias de nossos países cresçam e gerem empregos, novos negócios e oportunidades, mudando a maneira como trabalhamos e vivemos. Isso acontece porque elas aumentam a produtividade e a competitividade dos negócios e possibilitam que governos ofereçam serviços melhores à população.
Os efeitos dessas tecnologias já são visíveis em todas as áreas e ao redor do mundo, indo muito além de nossos smartphones e arquivos na nuvem. Por exemplo, hospitais brasileiros estão usando etiquetas de identificação de radiofrequência em equipamentos médicos, o que permite que suas localizações sejam mapeadas em tempo real, facilitando a gestão do inventário e evitando a aquisição desnecessária de novos equipamentos. O agrobusiness está usando softwares e analisando dados para aperfeiçoar técnicas de controle de pestes, reduzir custos e impulsionar a produtividade.
Ao contrário do que muita gente imagina, esse potencial não se limita a países mais desenvolvidos. Economias emergentes estão se beneficiando, e muito, de novas tecnologias. No Quênia, por exemplo, cientistas estão usando dados de torres de celular para rastrear os padrões de viagem da população em torno de fontes de malária como o Lago Vitória. Assim, o governo queniano foi capaz de detectar novos surtos da doença e realizar esforços mais eficientes para a sua erradicação. Segundo o IDC (Internacional Data Corporation), essas economias, incluindo o Brasil, vão ultrapassar os países desenvolvidos como os principais produtores de dados até 2020.
Os resultados são incontáveis, e o potencial de desenvolvimento dessas tecnologias se mantem infinito. Problemas crônicos das sociedades atuais poderiam ser resolvidos por meio da internet das coisas, por exemplo. Estudo recente da software.org listou dados de diversas instituições que comprovam isso: mortes causadas por acidentes de trânsito podem cair em até 90% graças a carros autônomos e semi-autônomos; uma gestão conectada do tráfego pode fazer o trânsito fluir entre 5% e 25% melhor; sensores de segurança pública e novos modelos de monitoramento residencial podem diminuir as taxas de crimes em 20%; a ampla adoção da internet das coisas pode fazer a emissão de gases de efeito estufa cair em 19%, o consumo de energia nas residências em 10% e o das fábricas em até 30%; por fim, os custos com tratamentos contra doenças crônicas tem potencial de queda de até 50%. Esses e outros exemplos significarão um impacto de 11,1 trilhões de dólares na economia até 2025.
Essas tecnologias vieram para ficar. É por isso que, além de todas as possibilidades sobre as quais falamos acima, elas também trazem a necessidade de repensar nossas regulamentações para garantir que o avanço não seja barrado por leis e normas desatualizadas. Adaptar e criar novas legislações devem ser prioridades para todos os países que buscam um desenvolvimento baseado em inovação.
Um exemplo desse movimento é a nova Lei de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) brasileira que protege os cidadãos, ao mesmo tempo em que não cria barreiras para a inovação. Ela também foi bem sucedida ao reunir governo, legislativo, empresas de diversos setores e a sociedade brasileira em torno de uma necessidade do país, incluindo todos na discussão. Iniciativas assim devem ser referência para atendermos melhor às necessidades que novos tempos trazem.
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* Antonio Eduardo Mendes da Silva, conhecido no mercado como Pitanga, é country manager da BSA|The Software Alliance no Brasil desde 2016 e tem mais de 28 anos de experiência no mercado de software.