Fonte: Brasil 61
Por Jalila Arabi
O sistema, chamado Coder Z, ajuda alunos e professores a colocarem em prática os ensinamentos da robótica mesmo no ensino remoto
A educação a distância se tornou uma realidade cada vez mais comum em 2020. Com a pandemia do novo coronavírus e a necessidade de manter o isolamento social, foi preciso fazer adaptação em diversas áreas. A robótica, um dos carros-chefes do Serviço Social da Indústria (Sesi), não ficou de fora e se encaixou nos novos moldes educacionais.
Desde novembro, estudantes e professores da entidade já contam com a Coder Z, uma plataforma on-line de programação e simulação que ajuda a colocar em prática os ensinamentos da robótica. Ela utiliza a metodologia STEAM, sigla em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática, e atividades gamificadas para incentivar a educação tecnológica e preparar jovens para o futuro.
“A plataforma Coder Z tem um vínculo próximo com a robótica educacional, considerando que ela simula a prática de robôs de Lego. O que a plataforma faz, basicamente, é dispor de vários cenários e os robôs devem executar algumas ações. Essas ações podem ser tanto de realizar algum movimento, atuar naquele ambiente quanto para a leitura de dados”, explica Juliana Fonseca Duarte, especialista em desenvolvimento industrial do SESI.
Ela adianta que a plataforma é bem intuitiva. “São diversas funcionalidades. Para os professores, temos algumas diferenciadas que facilitam o planejamento e o trabalho em sala de aula, mostrando possíveis soluções de programação para os desafios propostos nos cenários apresentados”, acrescenta Juliana.
A experiência ajudou muito as aulas do professor de robótica Luis Henrique Cardoso, que leciona na unidade SESI Candeias DR Bahia. Ele conta que com as aulas presenciais, alunos e alunas construíam o robô e só depois partiam para a programação.
“No ensino remoto, não tínhamos um robô para construir e a programação ficava muito na parte teórica. Não tinha o desafio, não tinha o estímulo para o aluno desenvolver a atividade. Com a plataforma, eu passo a teoria e a atividade vira um desafio, um game, é uma forma lúdica de aprender a programação. O robô que ele vê na plataforma é o mesmo que ele pode construir no presencial. A plataforma veio como uma extensão da sala de aula em relação à programação”, relata o docente.
Segundo informações do Sesi, entre setembro e outubro, a entidade capacitou quase 300 professores e equipe técnica pedagógica nas 27 unidades federativas do Brasil. A ideia é manter a plataforma disponível quando o ensino presencial retornar.
E ela pode ser acessada por todos os estudantes da instituição, desde que estejam matriculados nos anos finais do ensino fundamental (entre o 6º e o 9 º ano) e no primeiro ano do ensino médio. A estimativa é de que até 90 mil estudantes utilizem a Coder Z.
Para o professor, a plataforma é uma oportunidade de continuar os estudos, mesmo no período difícil em que o mundo todo vive. Ele lembra que consegue, inclusive, mensurar o nível de aprendizado de estudantes.
“Conforme o aluno vai alcançando uma pontuação, ele vai sendo desafiado em outras fases. Existe um nível de dificuldade em que começa do mais básico até um mais avançado. À medida que ele vai evoluindo, a própria plataforma vai disponibilizando novas ferramentas, novos blocos, novas possibilidades. Da minha casa, do meu computador, eu consigo acompanhar em qual nível aquele aluno ou turma se encontra. Consigo acompanhar todos os matriculados. A gente consegue analisar a turma que está desenvolvendo um raciocínio mais rápido, um pensamento computacional e aqueles que não conseguem para dar uma atenção maior para eles”, elogia.
Segundo a especialista Juliana Fonseca Duarte, a plataforma já é utilizada por 24 departamentos regionais. Por enquanto, ela só está disponível internamente para alunos e professores do Sesi. “A plataforma vai continuar aberta mesmo nesse final de ano, para que os alunos deem continuidade aos estudos. A gente entende que não deixar a plataforma disponível seria de alguma forma podar as possibilidades de aprendizado deles”, acredita Juliana.
E acrescenta: “A robótica impacta na questão emocional e na cognitiva. Em termos emocionais, os alunos passam a trabalhar de forma colaborativa, se envolvem mais com discussões, tornam-se mais críticos e criativos. Em termos cognitivos, eles aprendem a trabalhar com o pensamento computacional, científico e a gente entende que isso tem um impacto forte no mercado de trabalho.”