Fonte: PUC-Campinas

Uma dissertação de mestrado da Pós-Graduação Stricto Sensu em Sistemas de Infraestrutura Urbana (PosInfra) da PUC-Campinas resultou no desenvolvimento de um equipamento de baixo custo que pode ser usado para monitorar pontes, viadutos, barragens e construções em geral. Enquanto um dispositivo comercial, junto com os softwares necessários para seu funcionamento, pode custar até R$ 30 mil, o artefato desenvolvido pelo engenheiro civil João Batista Lamari custou US$ 80 e envia dados em tempo real para celulares ou tablet.

O sistema foi testado para detectar deformações em metal e concreto, mas pode ser aplicado em qualquer tipo de material. O custo pode variar dependendo da dimensão do objeto que será monitorado, de quanto tempo e de quais elementos serão avaliados. Independente disso, ele é muito mais barato que os usados atualmente e pode ajudar empresas públicas e privadas na prevenção de acidentes e na diminuição de gastos com manutenção.

Utilizando a plataforma Arduíno, um hardware livre criado na Itália para facilitar o desenvolvimento de equipamentos de automação, Lamari desenvolveu uma placa ligada a sensores e com oito canais de comunicação. Ela foi testada em laboratório da PUC-Campinas e em um pilar de construção do Sirius, o acelerador de partículas de última geração construído em uma área do CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais) próxima ao Campus I da PUC-Campinas.

O primeiro teste foi para monitorar a dilatação em uma lâmina metálica no laboratório da Engenharia da Universidade. Depois o monitoramento foi feito em uma viga de concreto armado, também no laboratório. Por fim, foi feita a aplicação em um pilar no Sirius, cujo concreto é especial, feito para evitar deformações e vibrações que possam afetar os feixes gerados pela luz síncrotron usada no acelerador. O teste no Sirius foi feito concomitantemente com o de uma máquina de uso comercial para comparação dos resultados.

“Eu sempre gostei dessa área de monitoramento, mas enfrentava dificuldades por conta do alto custo e da complexidade de manuseio dos equipamentos. Por isso pensei em desenvolver algo de baixo custo e de uso simples”, disse Lamari.

Além de desenvolver um aparelho barato e que se mostrou eficiente durante a apresentação dos resultados de seu mestrado, o engenheiro resolveu colocar as instruções de como montar o equipamento e abriu seu projeto na internet para quem quiser utilizar ou aproveitar para aprimorar e adaptar para outras finalidades. Pode ser monitorada dilatação, mas também vibração, temperatura e outros indicadores de interesse para avaliar o desgaste da estrutura avaliada.

A versão aberta, com todos os códigos, está disponível para uso científico e pedagógico. Também há um manual de utilização do sistema para facilitar a sua aplicação disponível para download no link www.e-structure.org. Vários acessos aos dados já foram feitos de diversas partes do mundo. Lamari apresentou seu projeto em um congresso em Portugal e também recebeu um convite para participar do planejamento de um edifício inteligente que será construído na Colômbia.

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