Fonte: Inatel – Instituto Nacional de Telecomunicações
Workshop do Inatel discutirá projeto que usa frequências de TV ociosas para ampliar a conectividade em áreas rurais
Em um país de dimensões continentais como o Brasil, milhares de quilômetros de estradas e áreas rurais seguem ainda sem acesso à internet. Para debater alternativas reais a esse problema, o Instituto Nacional de Telecomunicações – Inatel, promove, no dia 21 de agosto, o Workshop Novas Formas de Exploração do Espectro – Uma visão sobre o futuro da conectividade no Brasil. O encontro realizado em parceria com o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) e a Universidade Federal do Ceará (UFC), reunirá representantes do governo, da academia e da indústria para discutir modelos inovadores de uso do espectro de frequência, tendo como uma das principais motivações a busca pela conectividade em localidades não assistidas pelas gerações atuais de comunicações móveis.
Fruto de uma parceria entre o Inatel, a UFC e o NIC.br, com o apoio da Embaixada do Reino Unido (FCDO – Foreign, Commonwealth & Development Office) o projeto estuda o uso secundário de canais de televisão ociosos, espectro conhecido como TV White Spaces (TVWS), para a transmissão de sinal de internet a longas distâncias. A proposta utiliza tecnologias como rádio cognitivo, modulações inovadoras com baixa emissão fora da faixa, códigos corretores de alto desempenho e uso fragmentado do espectro, garantindo a ocupação dos canais de forma harmoniosa com os sinais da TV Digital. Embora não se restrinja a essas faixas, a tecnologia pode viabilizar a oferta de serviços digitais em outros cenários que demandam coexistência entre diferentes serviços.
Assim, o espectro já destinado a um serviço pode ser explorado de forma secundária, sem causar interferência nas transmissões primárias. Essa abordagem pode ampliar o acesso à conectividade em áreas de baixa densidade populacional e impulsionar a transformação digital de setores estratégicos para o Brasil.
“O 5G foi padronizado para ambientes urbanos densos, com o alcance de uma dada célula sendo relativamente pequeno, já que o objetivo é atender comunidades com um número grande de pessoas. No interior do Brasil, esse modelo não se sustenta financeiramente para as operadoras. Por isso, estamos buscando opções que considerem nossa realidade brasileira, marcada por muitas regiões com baixas densidades populacionais, influenciando desde já a construção do futuro padrão do 6G”, explica a professora e pesquisadora do Centro de Competência Embrapii Inatel em Redes 5G e 6G – xGMobile, Vanessa Mendes Rennó, que participa da iniciativa no Instituto.
A tecnologia já foi testada em campo, demonstrando capacidade de fornecer conexão de até 100 Mbps a um alcance de 50 quilômetros de distância, com possibilidade de integrar localmente redes Wi-Fi, LoRaWAN e outras aplicações voltadas a setores estratégicos, como agronegócio, mineração, logística e defesa civil.
O workshop marca a primeira vez que o tema será tratado de forma ampla no país, reunindo diferentes visões sobre o uso de novas formas de exploração do espectro para inclusão digital e fomento da economia nacional. O objetivo é promover uma discussão aprofundada sobre novas formas de acessar o espectro, reunindo os principais stakeholders do país para esclarecer demandas, requisitos e possibilidades já previstas no Brasil. A programação inclui painéis com foco em demandas nacionais de conectividade, aspectos técnicos e econômicos sobre o uso inovador do acesso ao espectro de frequências, trazendo ainda uma perspectiva internacional sobre como a África do Sul está avaliando a tecnologia.
“O projeto TVWS está alinhado com o trabalho do NIC.br em benefício de uma Internet melhor no Brasil, buscando ampliar a inclusão digital, além de fomentar e apoiar o desenvolvimento de soluções inovadoras. O workshop é, sem dúvida, um importante espaço de diálogo e trocas de experiências sobre novas formas de acesso ao espectro, que podem trazer um impacto na vida de milhares de brasileiros”, afirma Gilberto Zorello, coordenador do projeto no NIC.br.
“A expectativa é que o workshop sirva como ponto de partida para discussões sobre o tema. Nosso objetivo é mostrar que existem outras formas de explorar o espectro e atender às necessidades reais de conectividade do Brasil, onde ainda falta conexão”, completa Vanessa.